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Baleado 5 dias antes do Enem, jovem é selecionado em 2ª chamada do Sisu

16/02/2015 - 10:01h

Carlos Bergson levou um tiro na mão cinco dias antes do Enem e entrou para a Ufac (Foto: Arquivo Pessoal)
Carlos Bergson ainda se recupera do tiro que
levou na mão (Foto: Arquivo Pessoal)

O estudante acreano Carlos Bergson Nascimento Pereira Júnior, de 17 anos, baleado na mão direita, no dia 3 de novembro de 2014, cinco dias antes do Exame Nacional Do Ensino Médio (Enem), vai cursar sistemas de informação, na Universidade Federal do Acre (Ufac). O jovem obteve nota 637 e foi selecionado na 2ª chamada do Sisu, cuja lista foi divulgada na sexta-feira (13). Carlos levou um tiro durante um assalto, quando saía do Colégio Meta, onde estudava, localizado no Bairro Abrahão Alab, em Rio Branco, e por pouco não perde o exame.

Para conseguir fazer a prova, ele precisou da ajuda de uma profissional do MEC e teve que ditar a redação. "Estou feliz que entrei e me sinto um vencedor. Saí do hospital para fazer a prova e foi difícil porque tive que ditar a prova para uma senhora que o MEC disponibilizou", diz.

Bergson, que mora com os avós desde bebê, conta que não conseguiu alcançar a nota de corte para o curso de engenharia, que era a sua primeira opção, mas comemora o resultado para sistemas de informação. "Todo mundo quer entrar na primeira chamada, mas é só uma questão de ego. Na verdade, sempre quis fazer sistemas de informação, era mais uma pressão da família que eu fizesse engenharia, então, estou super feliz", garante.

O estudante contou ao G1 que o fato de ter levado um tiro cinco dias antes do Enem atrapalhou sua concentração e acabou prejudicando seu desempenho no exame.

"Fiquei desconcentrado e nervoso, pois o tiro foi na mão direita e eu sou destro, então, acredito que poderia ter tirado uma nota bem maior. No dia da prova a mão incomodou bastante, o ferimento coçava, e tive que fazer a prova com a mão esquerda. Ainda bem que deu tudo certo, fiz minha inscrição no Sisu [Sistema De Seleção Unificada] e vou iniciar a Faculdade agora no primeiro semestre, na Ufac", disse Bergson.

Jovem foi baleado na última segunda-feira (3) (Foto: Yuri Marcel/G1)
Jovem mesmo baleado fez questão de ir fazer as
provas do Enem (Foto: Yuri Marcel/G1)

Ao lembrar do momento em que reagiu ao  assalto, o estudante diz que a atitude foi inconsciente, mas que não ficou com traumas. "Ficou a lição de ficar sempre em alerta e prestar atenção em possíveis perigos, sempre pode acontecer alguma coisa com a gente", diz.

A avó de Bergson, Maria de Lurdes Nascimento, diz que tem orgulho de o neto ter conseguido uma boa nota, mesmo depois de todos os transtornos que passou antes de fazer as provas do exame.

"Fiquei muito feliz dele fazer uma faculdade pública, era o que ele sempre quis. Mesmo depois de todos os problemas que enfrentou, passou por danos físicos e psicológicos e mesmo assim conseguiu. Ele foi além da minha expectativa, é um vencedor", diz, orgulhosa.

Se eu não tivesse levado o tiro teria tirado uma nota bem maior"

Carlos Bergson.

Lurdes também acredita que se o neto não tivesse levado um tiro na mão antes do exame, a nota dele teria sido ainda maior. "Ele teve muita maturidade. Naquele momento nós nem estávamos pensando em Enem, só queríamos que ele ficasse bem e mesmo assim, ele insistiu e foi fazer a prova. Se não tivesse acontecido isso com ele, a nota tinha sido muito maior, tenho certeza", avalia.

Em relação aos homens que teriam dado o tiro no neto, Lurdes diz lamentar, pois os suspeitos ainda estão soltos. "O meu medo é que eles continuem soltos fazendo isso com outras pessoas, não desejo isso pra ninguém, ainda bem que não aconteceu nada mais grave com meu neto, finalizou.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Karlesso Néspoli, os suspeitos de atirar no em Carlos ainda não foram presos. "Sobre esse caso nós onseguimos capturar uma moto que possivelmente teria sido usada no dia do crime e que estava com a placa clonada, pois existe outra moto com a mesma placa rodando na cidade. Na ocasião, não havia ninguém junto com a motocicleta. Nós continuamos com as investigações e estamos tentando encontrar os envolvidos", explicou.

Alunos do colégio Meta perdiram segurança em protesto (Foto: Aline Nascimento/G1)
Alunos do colégio Meta pediram segurança em
protesto (Foto: Aline Nascimento/G1)

Entenda o caso
O adolescente Carlos Bergson Nascimento Pereira Júnior, de 17 anos, foi baleado no dia 3 de novembro, após sair do Colégio Meta, localizado no Bairro Abrahão Alab, em Rio Branco. Na ocasião, o estudante estava acompanhado de amigos. De acordo com testemunhas que presenciaram o ocorrido e um outro estudante, que também sofreu o assalto, Carlos tentou reagir e foi atingido com um tiro na mão direita ao se defender da arma que estava apontada para a sua cabeça.

No dia seguinte ao ocorrido [4 de novembro], estudantes em protesto, alunos e colaboradores do Colégio Meta caminharam pela Avenida Ceará, uma das principais ruas da capital acreana, e interditaram a via. Com cartazes, eles pediam mais segurança e justiça para a resolução do caso.



Fonte: G1


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