26/08/2015 - 14:00h
Os pequenos dedinhos de Lara deslizavam ao piano. Em sua infância, passava horas de dedicação à música. O reconhecimento pela habilidade de qualquer pessoa aos desafios da musicalidade sempre a contagiou e permaneceu em seus valores de forma significativa na sua fase de menina madura.
Certo dia caminhando pela rua, ouviu o som suave de flauta doce, que a atraiu para ver de perto quem produzia algo tão encantador. Lara observou ser um jovem de semblante triste que em suaves notas tocava “Boleros de Ravel”. Ele parecia ter percebido sua sensibilidade e logo desviou o olhar, denotando barreiras para qualquer aproximação.
“Belíssimo...mas um talento desses no chão? Com esta capacidade musical, o que pode ter acontecido com ele?” – pensou Lara.
Muito tempo se passou. Os traços e rugas de expressão se instalaram na face de Lara, que permanecia contagiada para assistir concertos musicais, como prioridade aos momentos de lazer. Boleros de Ravel sempre lembrava aquele jovem.
Naquela viagem do transatlântico, o navio desbravava o mar. Lara com seu vestido longo, olhava as espumas brancas das águas em encontro a proa da noite iluminada pela lua grandiosa. Lentamente o som das suaves flautas em “Boleros de Ravel” na regência de um famoso maestro. Após a apresentação, entusiasmada em conversar com ele, surgiu uma oportunidade no restaurante do navio.
Ambos se emocionaram, por Lara descobrir que aquele talento ao chão era o mesmo que brilhava atualmente nos palcos mais importantes das orquestras mundiais. O músico por saber que os aplausos, mesmo velados daquela época, faziam parte de sua história.
O que houve com ele? É o que menos importa. Mas o talento e a superação foram mais intensos e falaram mais alto.
Viva os Boleros de Ravel!
Por: " Beatriz C.R.H. de Campos"
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