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Pé na estrada: as viagens durante o intercâmbio

01/02/2016 - 03:03h

Hoje, nossa convidada é uma intercambista de Santa Catarina, que relata como é viver um dos momentos mais esperados do intercâmbio: as viagens! Natural de Araranguá, uma pequena cidade na região sul do país, a redatora e revisora de textos Milene Maciel é uma trintona que vive em busca de si. Habilitada em Letras e uma eterna apaixonada pelas palavras, Milene fez do seu intercâmbio mais que uma descoberta do idioma, mas sim uma descoberta de vida – e as viagens tem uma grande participação nisso.

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Milene no Jardim Botânico em Dublin. Arquivo pessoal

Por Milene Maciel

Viajar se torna quase um hábito na vida do intercambista, pelo menos dos que optam pela Europa. As razões são muitas: o tamanho do continente, a proximidade entre os países, o valor das passagens, a liberdade e flexibilidade da vida de estudante, etc.

Nossas horas vagas sempre nos levam às viagens, seja planejando-as ou vivenciando-as. Essas pequenas escapadas da rotina fazem tudo valer a pena: habituar-se a um novo país, clima e cultura, trabalhar em outra área, enfrentar os desafios do novo idioma. As viagens acabam se tornando metas imprescindíveis nos dias difíceis longe da nossa zona de conforto no Brasil, de nossa família e amigos.

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Foto: Arquivo Pessoal

Para quem chega na Irlanda, descobrirá que o intercâmbio em si é uma viagem de descoberta. Chegamos e pouco a pouco vamos desvendando uma nova rotina, uma nova cidade, um novo país. Por ser um país relativamente pequeno, a Ilha Esmeralda nos permite pequenos prazeres, como a delícia de alugar um carro, percorrer o país de norte a sul e ver de perto aquelas paisagens de filmes. O verde dos campos, as ovelhas, o mar… é muita beleza pra um país tão pequeno!

Comecei minhas viagens pelo Reino Unido, conhecendo pequenas cidades, como Manchester e Leeds. Depois, passei alguns dias curtindo Paris, Bruxelas e Amsterdã. Um sonho de viagem! Diferentemente das outras, a Romênia foi uma viagem do tipo não planejada. Surgiu a oportunidade e fui. Foi tão bacana conhecer um lugar que desperta a curiosidade turística.

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Foto: Arquivo Pessoal

Como não me emocionar com o entardecer em Copenhague, na Dinamarca? Ou com aquele passeio de gôndola em Veneza, na Itália? Fora os tantos outros momentos que jamais esquecerei!

Fiz todas essas viagens acompanhada, até perceber que eu precisava planejar e viver minhas próprias experiências. E foi assim que conheci Londres, Liverpool e alguns locais de Portugal; experiências, essas, que, de certa forma, deram-me coragem pra vivenciar algo muito maior, como o Caminho de Santiago.

O Caminho era um desejo aguardando a oportunidade certa, e eu planejei a minha hora certa. Foram 33 dias e 776 km rodados a pé entre a França e a deliciosa Espanha. Se algum dia você tiver a oportunidade de fazer o Caminho de Santiago, ou parte dele, é uma experiência simplesmente inexplicável!

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Foto: Arquivo Pessoal

Um ponto que gosto sempre de ressaltar dessas vivências é o quanto eu me tornei mais confiante ao viajar sozinha, principalmente por ser mulher. Isso contribuiu muito para elevar a minha autoestima e coragem.

Na minha vida de intercambista, eu desempenhei muitos papéis. Fui estudante, faxineira, babá, amiga, colega, namorada, viajante… Em cada uma dessas áreas, tenho muitas histórias pra contar, como aquele primeiro dia de aula em que eu quase pedi pra mudar para um nível inferior, porque não entendia o que o Professor falava. E depois descobri que ele era meio incoerente mesmo.

Tiveram, também, as inúmeras Entrevistas de trabalho para ser babá, quando eu ainda não sabia que a palavra “creche” tinha praticamente o mesmo som do português e acabava me confundindo com a palavra “crash” (colisão) e ficava imaginando as crianças batendo umas nas outras.

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Foto: Arquivo Pessoal

A alegria na comemoração do primeiro trabalho, do primeiro salário em euros. A insegurança a cada comando dos patrões. Eu lidava com o bem mais precioso de uma família: os filhos. Não me lembro de uma atividade que tenha me requerido mais responsabilidade do que essa.

De tudo o que vivi, levo comigo as boas ações das pessoas que encontrei no caminho. Elas me ensinaram o quanto a gente pode facilitar a vida uns dos outros.

No íntimo, carrego a força que senti em todos os momentos de perrengue, no vento e na chuva, quando fiquei doente e me senti sozinha, algumas vezes desamparada. Mas desistir nunca foi uma opção pra mim.

A maior lição foi, com certeza, a simplicidade. Viver sem os luxos e confortos da vida no Brasil fez com que eu me reconectasse com uma essência há tempos perdida. Foram dezesseis meses de intercâmbio, de histórias, de risos e choro, de alegrias, frustrações e muita, mas muita realização.

Revisado por Tarcisio Junior
Colaborador E-Dublin


Fonte: E-Dublin



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