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Passo a passo para fazer mestrado na Alemanha? Aluna do curso de British explica

16/02/2016 - 18:08h

renata miranda mestrado berlim

Que a Humboldt tem um curso de mestrado em inglês em Berlim e de graça… vocês já sabem! Eu, na verdade, só descobri isso porque a Renata Miranda me contou que esse curso existia. A Renata é jornalista e a gente se conheceu em Berlim em 2012, quando fomos bolsistas do IJP (programa de estágio para jornalistas em Berlim). Divertidíssima e mega inteligente, ela acabou virando uma das minhas melhores amigas e, coincidência ou não, nós duas começamos mestrado na Alemanha em 2013. A Renata cursou o mestrado da Humboldt e se formou em 2015. Mandei umas perguntinhas pra ela e pedi um relato sobre o curso. Ela me respondeu com este texto que é um legítimo passo a passo para fazer mestrado na Alemanha.

Leiam e se inspirem na Renata <3

“Cheguei em Berlim em abril de 2013 para ficar três meses. Acabei ficando quase três anos naquela cidade que me deu um mestrado, um curso de especialização, oportunidades infinitas e amigos que vou guardar para sempre no coração.

A minha história com a capital alemã, no entanto, começou quatro anos antes, quando, em 2009, passei pouco mais de um mês ali fazendo um curso para jornalistas brasileiros e também trabalhando nas coberturas da reeleição da chanceler Angela Merkel e das comemorações de 20 anos da queda do Muro de Berlim.

renata miranda mestrado berlim3

Minha obsessão com a cidade tornou-se completa em 2012, quando, junto com a Bruna, fui uma das bolsistas do IJP. Depois de passar três meses em Berlim trabalhando na redação da dpa, um dos principais veículos de imprensa da Alemanha, eu decidi que era ali que eu queria morar. Voltando para o Brasil, retomei as aulas de alemão iniciadas pouco tempo antes do IJP e elaborei um “plano de ação” para que eu mudasse para Berlim em até um ano.

Renata e Natália (bolsista do IJP da Argentina) em Berlim em 2012

Renata e Natália (bolsista do IJP da Argentina) em Berlim em 2012

O primeiro passo foi marcar uma hora no escritório do DAAD em São Paulo para ver quais eram as minhas opções. Como meu nível de alemão não era suficiente para um curso acadêmico, comecei a procurar algo em inglês. Com a ajuda do DAAD encontrei dois cursos em Berlim que chamaram a minha atenção: o mestrado em North American Studies, oferecido pela Freie Universität, e o mestrado em British Studies, na Humboldt-Universität zu Berlin.

Entre esses dois cursos, o que me deixou mais empolgada foi o da Humboldt. Além de ser focado em uma parte do mundo que teve uma influência enorme na minha formação, o curso também oferecia dois tipos de especialização —em Direito e Política, e em Cultura, Mídia e Gerenciamento Cultural. O maior atrativo, porém, era a oportunidade de fazer um estágio no Reino Unido como parte dos estudos. E seria possível fazer isso tudo de graça — na Humboldt alunos estrangeiros também não precisam pagar mensalidade; o que você paga é uma taxa administrativa do semestre de cerca de 300 euros, na qual já vem embutido o tíquete de transporte público para o período.

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Escolhido o curso, comecei a preparar a documentação exigida —na minha época, formulário de inscrição, carta de apresentação, currículo, IELTS com nota mínima de 7, histórico escolar do Ensino Médio e da universidade, e diploma. Tudo em inglês ou com tradução juramentada. Também entrei em contato diretamente com o departamento para tirar eventuais dúvidas.

Nesse meio tempo, passei em outro curso para jornalistas em Berlim e decidi pedir demissão do Emprego e passar três meses lá estudando alemão. Enquanto já estava lá, fui chamada para fazer a Entrevista para o mestrado, que todo ano convida 30 alunos para o curso. Três dos Professores do departamento me entrevistaram fazendo todos os tipos de pergunta possíveis para testar não apenas meu conhecimento sobre a Grã-Bretanha, mas também sobre minha experiência profissional e sobre meus planos para o futuro. Uma semana depois, a resposta positiva chegou por e-mail. Fui aprovada no módulo de 90 ECTS que previa três semestres de estudo — dois semestres de aula e um semestre dividido entre o estágio no Reino Unido e a dissertação de mestrado (hoje, não é mais possível fazer esse módulo, a minha turma foi a última que teve essa opção).

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Com o “sim” da Humboldt, voltei em julho de 2013 para São Paulo para começar a cuidar da burocracia —algo que, para quem quer morar na Alemanha, já é bom ir se acostumando. Como não tinha bolsa e seria responsável por custear minhas despesas sozinha, precisei pegar minhas economias e abrir uma conta bloqueada no Deutsche Bank, onde tive de depositar 8 mil euros. Fiz todo o processo de abertura de conta pelo correio — outro costume alemão — e demorou umas duas semanas para conseguir abrir a conta (esse foi o prazo enviando os documentos via DHL; se for usando correio normal, acredito que deve demorar bem mais). A conta fica bloqueada por 12 meses e te libera cerca de 660 euros por mês — essa quantia é para o governo alemão ter a certeza de que você vai para lá estudar e não para trabalhar. Com esse valor dá para viver em Berlim, mas em um esquema com pouca margem para gastos extras. Eu diria que com cerca de 1.000 euros por mês dá para viver com mais tranquilidade, às vezes até morando sozinha num apartamento de um quarto.

Em setembro de 2013 voltei para Berlim, dessa vez para ficar. O curso foi bastante puxado para mim no começo, já que estava há algum tempo longe da vida acadêmica. As aulas eram de segunda a quinta, das 9h às 15h.

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Demorei um pouco para entrar no ritmo e também para entender a melhor maneira de escrever textos acadêmicos. Por isso, se o seu inglês não é bom o suficiente para discorrer sobre o sistema penal no Reino Unido em 2.000 palavras, talvez esse não seja o melhor curso para você. A carga de leitura também é bastante pesada e, por isso, as visitas às bibliotecas da Humboldt foram constantes. Assim, é um pouco difícil encontrar tempo para um trabalho fixo. No meu caso, eu consegui arrumar tempo para trabalhar como freelancer.

Eu escolhi fazer a especialização em Cultura, Mídia e Gerenciamento Cultural e, por isso, quando chegou a hora do estágio, decidi fazer em uma empresa que fosse relacionada a essa área. Acabei me inscrevendo para uma vaga de estágio na Pearson plc, grupo que controla a Penguin Random House e, em 2014, ainda era dona do Financial Times e de 50% da The Economist. Fui aceita para um estágio de três meses na sede da empresa, no centro de Londres, e essa foi uma das experiências mais legais do meu período de estágio —gostei tanto que hoje moro em Londres, onde arrumei um emprego em uma empresa de tecnologia.

Clique na foto para ver mais informações da dissertação

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Depois dos três meses de estágio, voltei para Berlim para começar o processo de pesquisa para a tese de mestrado. Por ser um mestrado em Estudos Britânicos, o tema tem de estar relacionado de alguma maneira com o Reino Unido. Como eu sou jornalista, eu queria fazer algo relacionado a comunicação. Acabei escrevendo sobre as interações entre o humor inglês e o jornalismo, resultando na criação de um novo gênero jornalístico — para quem tiver interesse, minha tese está disponível no meu site.

Apesar de sempre ter de explicar os motivos de ter feito um mestrado em Estudos Britânicos em Berlim e não na Grã-Bretanha, os quase três anos que passei na Alemanha foram com certeza uma das melhores épocas da minha vida até agora. A Alemanha é um dos melhores países para ser estudante. Os benefícios são incríveis e a minha dica de ouro para quem quer tentar a sorte nesse mestrado é apenas mostrar interesse pelo tema e estar aberto para um mar de possibilidades e oportunidades que se abrirão no momento da sua matrícula na Humdolt-Universität zu Berlin.”

Muito obrigada pelo texto, Renata <3
E ah, caso vocês queiram falar com ela, é só seguir no Twitter ou no Instagram :)

 


Fonte: Partiu Intercâmbio



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