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Fuvest 2019: Tema da redação analisa relação entre passado e presente

07/01/2019 - 09:59h

Primeiro dia da segunda fase da prova aconteceu neste domingo; <a href="/professor">Professores</a> e alunos comentam tema

Primeiro dia da segunda fase da prova aconteceu neste domingo; professores e alunos comentam tema

O primeiro dia da segunda fase da Fuvest 2019 aconteceu neste domingo, dia 6, e a esperada redação trouxe como tema a frase: “A importância do passado para a compreensão do presente”. No Twitter, os primeiros alunos que saíram da prova e foram comentá-la na rede pareciam satisfeitos. A mesma opinião tem Sérgio Paganim, supervisor de linguagens do Curso Anglo.

“É um tema perfeito para o momento atual, em que muitos analisam o presente baseados apenas na percepção pessoal, na opinião individual, sem laços com o passado”, diz a VEJA. “Neste ponto, a Fuvest oferece uma prova política, mas não partidária. O candidato tem que buscar uma dimensão histórica para as questões do presente, fazendo com que ele perceba que a interpretação do hoje não se faz no achismo ou nas discussões de redes sociais. É necessária uma perspectiva histórica.”

O enunciado da redação apresentava a imagem de uma escultura de um menino negro jogando um balde de tinta branca na cabeça, além de textos que falavam sobre o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro e o progresso na história da sociedade.

Para se sair bem no tema, o Professor sugere dois caminhos principais. “A Fuvest costuma oferecer temas amplos e abstratos, então o candidato poderia responder da mesma maneira, de forma filosófica. Ele poderia analisar a importância do estudo do passado, do estudo científico do passado, em um grau subjetivo. Com questões como: por que só saber sobre o presente não é suficiente? Como esse passado pode impactar o presente?”, diz.

Outro caminho seria o concreto, com uma argumentação mais objetiva. “Por exemplo, o aluno poderia citar a escravidão no Brasil, como se deu a abolição e o pós-abolição. A partir daí, pensar no impacto daquele período no hoje, na compreensão das questões raciais e do preconceito.”

Para Eva Albuquerque, professora de redação do Cursinho da Poli, a proposta da redação é “contemporânea” e não deve ter trazido dificuldades para os candidatos. Segundo ela, o tema deste ano apresenta uma “quebra” em relação aos anos anteriores, em que a Fuvest cobrava assuntos mais filosóficos e distantes da atualidade. “A Fuvest pode ter cobrado do aluno uma interpretação sobre a vida pessoal, social, cultural e até mesmo política. Não acho que os alunos tenham tido dificuldade”, afirma.

Reação dos candidatos

Os primeiros alunos a saírem da prova, por volta das 16 horas, disseram que o tema surpreendeu. No texto, eles se dividiram entre citações de exemplos históricos. A estudante Geovanna Gabriela de Jesus Barbosa, 17, citou a relação entre o impacto da escravidão para o racismo atual. Ela quer cursar Gestão de Políticas Públicas. “Achei difícil porque era muito aberto e podia fugir muito fácil do tema. Estou um pouco preocupada”, afirma.

A democracia grega como sistema que foi evoluindo até hoje e a forma pacífica com que Gandhi protestava, “o que pode servir de inspiração para os povos de hoje”, foram as referências utilizadas por Lucas Dorigo Khater, 17, inscrito para cursar Engenharia Elétrica. Para ele, o tema exigia conhecimento em conteúdo do Ensino Médio, principalmente de História, Filosofia e Sociologia.

Gabriel Afonso, de 19 anos, citou a queda do Muro de Berlim e a preservação de pedaços da estrutura até hoje como forma de lembrança histórica. “Foi um tema que abriu margem para muitas reflexões, com todo tipo de referência”, diz.

A primeira lista de aprovados será divulgada no dia 24 de janeiro. No total, mais de 32.000 candidatos disputam 8.362 vagas nos Cursos De Graduação da Universidade de São Paulo (USP). Além da redação, os alunos fizeram uma prova de português com dez perguntas dissertativas. Na segunda-feira, dia 7, os candidatos retornam para o segundo dia de provas, com questões específicas da área escolhida.


Fonte: Veja.abril



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