Cristiana Passinato
Ontem perdemos um grande ator, diretor, escritor, e comentarista de cinema (apaixonado pela 7ª arte), José Wilker.
O cara era um talento incrível, uma inteligência ímpar e não tinha nenhum problema que apontasse para o tal infarto que o levou. Morte súbita.
Eu, particularmente, ano passado perdi um chefe meu, o diretor do Instituto de Química da UFRJ, o professor Joab Trajano.
Pessoa incrível, inteligentíssimo, ativo, bom pai, bom marido, bom professor, bom diretor... Tantos “bom” que levaria dias apontando o quanto Joab faz falta a todos nós diariamente lá no nosso laboratório, por exemplo, que é onde ele a maior parte do dia ficava, e foi lá, inclusive que se foi. De infarto agudo, também. Há controvérsias, mas foi uma morte súbita, deixando diversos órfãos.
Há alguns anos, entrei para especialização em polímeros da UERJ e tive aula com uma pessoa incrível, dona de uma personalidade forte, difícil de lidar, mas não sei porque cargas d´água conquistei o coração e ela iria me orientar. Pois bem, professora Fernanda Coutinho, naquele ano que torceu tanto por meu sucesso na prova do IMA da UFRJ para o mestrado, em que não passei por uma bobagem, ela que me disse que eu ia longe e que ela queria participar da minha história e ela seria minha orientadora na monografia da conclusão do curso em que tirei notas excelentes na sua disciplina, faleceu. De infarto do miocárdio. Morte súbita.
Estava aqui comigo pensando, refletindo, buscando um porque Deus nos leva pessoas desse jeito?
E pensando ainda estava quando as pessoas que tanto amamos de repente também se vão, somem, e ainda vivas parecem subitamente morrer para nós?
A perda é algo que realmente não sabemos administrar e nem metabolizar. Não conseguimos de imediato estabelecer uma razão para esse tipo de ausência repentina.
Talvez por nos apegarmos demais, por ser preciso termos referenciais, por não termos certeza do que há do outro lado ou se há outro lado, se há vida eterna, outra vida, reencarnação, seja qual for a crença, todos temos incertezas quanto ao destino de todos nós no depois dessa passagem.
Pois bem, eu como católica, acredito em vida eterna, para mim, a morte não deveria ser algo tão chocante.
O meu sentimento maior vem depois, com a perda do contato, com perceber de que quando procuro ou dou falta, a pessoa não está mais lá e nunca mais poderá estar. Daí vem a dor, daí vem o luto e daí vem o pranto.
Essa coisa é muito complexa. A psicologia estuda o estado de luto e ele não é fácil de cuidarmos, tratarmos dele.
Há fases do luto, como uma professora minha estava tratando outro dia na sala da minha pós na UFRJ.
Realmente, há de se respeitar esse luto, respeitar a dor e a raiva pela revolta da retirada repentina desse alguém da vida dos que a querem bem.
E quando perdemos alguém, como se morresse e essa pessoa ainda está viva? Acho ainda a sensação pior. Pois sabemos que podemos estar e não conseguimos contato, resposta, olhar... Essa, acredito que seja a pior morte.
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