USP de Piracicaba cria petição contra desapropriação de área de pesquisas

Área ocupada por eucaliptos também é para atividades de pesquisa, diz Esalq (Foto: Luciana Joia de Lima)

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba (SP), lançou uma petição online para reunir assinaturas de ex-alunos, pesquisadores, Professores e profissionais dos setores agrícola e ambiental contra uma eventual desapropriação de área pertencente à Estação Experimental de Ciências Florestais (EECF) que fica em Itatinga (SP). Segundo a universidade, parte da propriedade pode ser transformada em polo logístico, o que prejudicaria atividades de pesquisa, ensino e extensão.

O risco de desapropriação, de acordo com a Esalq, ocorre devido ao interesse da Prefeitura de Itatinga em utilizar a área para instalação de porto seco e outras estruturas logísticas. A instituição informou em nota que a petição, que pode ser assinada via internet (no endereço http://lcf.esalq.usp.br/proestacao/), é um movimento para "sensibilizar o governo do estado de São Paulo da importância desta área para o setor florestal e para a ciência, bem como para a conservação do meio ambiente".

A EECF tem 2,2 mil hectares à margem da Rodovia Castelo Branco (SP-280), localização estratégica para escoamento de produtos e matérias-primas. O terreno que corre risco de ser desapropriado, segundo o coordenador da estação, Professor Silvio Ferraz, mede cerca de 1,2 mil hectares. A assessoria de comunicação da Prefeitura de Itatinga, porém, afirmou que a possibilidade de desapropriação da área foi levantada pelo próprio governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante visita ao município.

Arrendamento e eucaliptos
Ainda segundo a comunicação do governo municipal de Itatinga, os setores utilizados para ensino e pesquisas na estação não seriam prejudicados, já que as intervenções atingiriam apenas área que a Esalq "arrendou" para uma empresa que planta eucaliptos. Um técnico do governo do estado foi ao local e vistoriou a região que poderia sofrer a desapropriação, informou a Prefeitura.

Secretaria de Planejamento informou que foi feita
uma 'visita de rotina' (Foto: Luciana Joia de Lima)

Para Silvio Ferraz, a administração municipal está "desinformada" porque, segundo ele, o espaço ocupado por eucaliptos também serve como área de pesquisa e atividades práticas de ensino. "Além disso, a parceria feita pela Esalq com a empresa que fez o plantio garantiu uma autonomia à estação e possibilitou todos os investimentos que foram feitos na unidade". Ainda segundo o professor, desde o final da década de 1980, quando a USP assumiu a propriedade, a iniciativa já era prevista em um plano de ocupação.

Nada oficial
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado informou por telefone que não existe nenhum documento oficial sobre uma possível desapropriação da área da EECF, nem na Secretaria de Governo do estado, que seria responsável por um eventual processo desta natureza.

Sobre a vistoria realizada por um técnico na estação, a Secretaria de Planejamento estadual, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, informou que foi um procedimento de rotina feito pelo engenheiro Ricardo Bugliase a pedido do Conselho do Patrimônio Imobiliário. A avaliação, no entanto, "não entra no mérito" sobre a ocupação da área.