11/12/2014 - 07:01h
Divulgação
9.dez.2014 - Desviufpe, dispositivo criado em uma pesquisa da Ufpe, retém água suja e leva água limpa das chuvas para cisternas
Apesar de alarmante, a crise nos sistemas hídricos de São Paulo pode ser vista como uma oportunidade para conhecer formas alternativas de armazenamento de água.
No último dia 3 de dezembro, na entrega de sua premiação anual, a ANA (Agência Nacional de Águas) destacou uma solução da Ufpe (Universidade Federal de Pernambuco) que possibilita a limpeza da água das chuvas, bastante esperadas para o verão paulistano.
O Desviufpe é um dispositivo cocriado pelo engenheiro civil Júlio César Azevedo e sua orientadora de mestrado, Sávia Gavazza, no campus da Ufpe em Caruaru, município do Agreste pernambucano.
O dispositivo consiste de um conjunto de canos e conexões PVC que recebe os primeiros litros de água da chuva, comprometidos pela sujeira dos telhados das residências. Após acumular uma certa quantidade, retém a sujeira e deixa o restante da água de melhor qualidade descer para uma cisterna.
Os pesquisadores bancaram a criação de 10 dispositivos, e os resultados de dois anos de estudos sobre a qualidade da água armazenada foram reconhecidos pela ANA, que premiou o Desviufpe na categoria Pesquisa e Inovação Tecnológica. O objeto, com custo estimado em apenas R$ 250, foi capaz de reduzir de 67% a 100% o teor das impurezas.
De acordo com Júlio César Azevedo, o objetivo inicial da pesquisa era o monitoramento da qualidade da água armazenada nas cisternas de Caruaru.
Preocupado com a alta possibilidade de contaminação trazida pela primeira leva de água da chuva, ele e Sávia começaram a inventar um meio simples e barato de purificar a maior parte dessa água. Os litros sujos que sobram no dispositivo podem ser usados para lavar a casa ou regar plantas.
O engenheiro espera que o sucesso da iniciativa seja abraçado por programas de governo. "Recebemos o prêmio da ANA da ministra do Meio Ambiente [Izabella Teixeira], então passa agora mais por uma decisão política do que técnica", explica.
Com a possível chegada das chuvas de verão --a estação começa em 21 de dezembro--, o Desviufpe poderia ajudar os paulistanos a reter essa água em casa. No entanto, ele foi desenvolvido para a zona rural do semiárido brasileiro e seria necessária uma nova pesquisa para checar sua viabilidade na atmosfera de uma metrópole, cujo ar é bem mais poluído que no interior do Nordeste. Há um estudo em andamento sobre o uso do equipamento em uma área industrial de Caruaru.
A professora Sávia Gavazza, porém, defende que a água da chuva é um recurso valioso com potencial ainda pouco explorado.
"Ela tem melhor qualidade do que qualquer manancial brasileiro porque não tem microcontaminantes, ou seja, resíduos de medicamentos e compostos químicos que podem ser encontrados na água vinda de estações de tratamento. A água da chuva não trazem essas substâncias quando evapora", argumenta.
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