O aparecimento misterioso de ao menos 2.800 peças de uniformes escolares encontradas nesta semana em São Carlos (323 km de São Paulo) desencadeou mais uma briga política entre a atual administração, do PSDB, e das gestões anteriores, do PT.
Na última segunda-feira (28), a atual administração encontrou ao menos 800 uniformes da rede municipal de ensino no antigo prédio do Sesi.
O material "descartado" estava no chão. Algumas unidades ainda estavam em sacolas, aparentando nunca terem sido usadas.
Nesta quarta-feira (30), mais 2.000 peças foram achadas no almoxarifado. Todas novas.
A "briga" envolve a prefeitura e o vereador da oposição, Roselei Françoso (PT), que durante a gestão do então prefeito, Newton Lima "hoje deputado federal pelo PT" ocupou o cargo de diretor administrativo e financeiro da Secretaria da Educação.
De acordo com a prefeitura, a responsabilidade é das administrações anteriores.
O vereador disse que, assim que ficou sabendo do caso, pediu a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara de São Carlos para apurar possíveis irregularidades.
Na avaliação do petista, a responsabilidade é dos atuais gestores. Ele disse que chegou a essa conclusão analisando os saldos de estoques de 2012 e 2013, obtidos através de requerimentos.
Segundo o secretário da Educação de São Carlos, Carlos Alberto Andreucci, o material é ultrapassado e resultado da sobra de outras gestões "que inclui o governo de Oswaldo Barba, do PT.
"Tenho em mãos uma declaração do responsável pelo almoxarifado, onde tudo é explicado. Ele afirmou que seguiu, na época, orientação de Roselei [Françoso] para deixar no local [Sesi] todos os materiais, porque eles seriam removidos para outro lugar, o que não foi feito", disse o secretário à Folha.
Sobre as 2.000 peças encontradas no almoxarifado, o secretário disse não saber o que ocorreu.
Para Françoso, o suposto "descarte" foi uma forma que atual administração encontrou para incriminá-lo. Ele disse ainda que tudo "não passa de uma armação."
A assessoria dos ex-prefeitos Newton Lima e Oswaldo Barba informou que eles não se manifestariam a respeito do caso, já que o vereador, do mesmo partido, já havia prestado todos os esclarecimentos sobre o aparecimento dos uniformes na cidade.