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Site promove encontros de estudantes de programação

24/11/2014 - 07:04h

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Plataforma Codaround, lançada em junho, reúne alunos fisicamente para estimular resolução de problemas e evitar desmotivação

Uma dificuldade enfrentada por quem resolve aprender programação por conta própria é a inspiração da plataforma de aprendizado Codaround, criada em junho: por mais que se quebre a cabeça em um problema, às vezes, ele parece insolúvel. Isso ocorre com desafios comuns à área, mas que eventualmente transformam-se em desmotivação e abandono dos estudos, algo que é comum em outras ferramentas e Moocs (cursos online gratuitos) que oferecem esse tipo de conteúdo sem levar em conta o Intercâmbio de ideias.

Ruben Abergel e Edward Lando sentiram essa necessidade de preencher a lacuna entre o ensino presencial e on-line quando decidiram aprender a programar. Criaram, então, o Hackvard, que logo teria o nome alterado para Codaround. A iniciativa espalha-se rapidamente nos Estados Unidos e promove encontros físicos entre estudantes de programação a fim de desenvolverem projetos e aprenderem conjuntamente.

Site promove encontros de estudantes de programação


“A escola tem como valores fundamentais o conteúdo e a comunidade. Como grande parte conteúdo de programação é on-line, acreditamos que a maior barreira para aprender é estar sozinho. As estatísticas dos Moocs mostram que a maioria das pessoas que iniciam um curso desistem. Nós acreditamos que isso acontece porque elas precisam de uma comunidade e pessoas para se relacionarem”, disse Abergel ao Porvir.

Francês radicado nos Estados Unidos e formado em economia, Abergel conta que começou a aprender programação e ficou muito frustrado por se sentir impotente diante do computador. “Quanto mais empacado, mais distraído você fica. Perde o foco e a confiança. Mas se tem alguém para dividir o problema é muito mais estimulante. Programação é uma arte em que é preciso se esforçar para aprender, mas a luta torna-se muito mais agradável se compartilhá-la com outros que estão passando pelas mesmas coisas”.

O Codaround conta com pouco mais de 4 mil usuários espalhados pelo mundo, a maioria concentrada em São Francisco, na California. Através da página é possível montar um grupo de estudos tendo como critério as línguagens utilizadas (Javascript, Ruby e iOS) e o nível de conhecimento. No entanto, de acordo com seu criador, o site ganhará nos próximos meses uma nova versão em que filtra e seleciona os candidatos para uma reunião, o que antes era feito pelos próprios usuários.

“Nossa preocupação é fazer as pessoas se encontrarem na vida real. O principal obstáculo que encontramos é que combinar com um estranho para estudar não é um comportamento muito comum. Nós estamos agrupando manualmente as pessoas enquanto refazemos o site e incorporamos o feedback dos usuários”.

Estudante de arquitetura da Universidade de São Paulo (USP), André Wigman sentiu a necessidade de aprender códigos de programação para expandir sua atividade profissional de webdesigner. Sem frequentar escolas físicas, ele aprendeu através de tutoriais na internet e sites como o Code Academy e o W3 Schools. Algumas dúvidas puderam ser sanadas em fóruns de programação, como o Stack Overflow e o CSS-Tricks, mas ainda há muitos problemas específicos que acabaram ficando sem solução.

“Em todos os projetos que faço de site, esbarro em questões que surgem a partir da associação de dois conceitos e que não estão nas aulas [on-line]. É preciso pensar na compatibilidade e muitas vezes recorrer a fóruns. Porém, os fóruns baseiam-se em perguntas de pessoas, carregadas com a particularidade de cada projeto, que muitas vezes se assemelha com o que você procura, mas que não tem exatamente a mesma resposta. Quando tenho um problema que não consigo resolver é preciso garimpar as respostas, buscando na internet com as perguntas certas”, afirma André, que aprendeu em dois meses o suficiente de HTML e CSS para criar seu primeiro site.

Apesar dos frequentes problemas que durante o percurso, cada vez mais se acredita que o autodidatismo pode levar a uma boa formação em programação. Segundo a professora Marina Andretta, doutora em Ciência da Computação pelo Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, a única desvantagem do aprendizado autônomo nesta área é contentar-se com o conhecimento já adquirido. Defensora da tese de que programar é importante para qualquer pessoa, ela acha que é fundamental aprender a aprender.

“Alguém que aprendeu em uma linha autodidata sabe o que precisa fazer para entender as coisas melhor, e isso serve para qualquer área. Aprender a programar organiza melhor o pensamento, mesmo para escrever um texto ou organizar ideias. Programar ajuda muito a desenvolver o raciocínio lógico e a coerência. Mesmo que não vá programar depois, treinar programação ajuda bastante”, explica.

Andretta não é a única com essa preocupação. Os princípios da “linguagem do século 21” já estão sendo ensinados escolas da Inglaterra e mesmo no Brasil, como o Colégio Porto Seguro, em São Paulo, que aposta neste tipo de ensino para crianças a partir dos dois anos de idade.

“Aprender a programar no sentido de ter pensamento lógico é tão importante quanto ler e escrever. Poderia ter mais programação do que matemática na escola, por exemplo. Se metade das aulas de matemática fossem substituídas por programação, aprender matemática seria mais fácil”, acredita a Docente da USP de São Carlos.

Há diversas linguagens que podem ser aprendidas para programar e criar websites. Andretta recomenda o Scratch, para crianças aprenderem os princípios básicos do raciocínio lógico, e também Pascal, para adultos iniciantes. Já Abergel preferiu começar os estudos através do Javascript, enquanto Wigman optou pelo HTML associado ao CSS. No Codaround, é possível aprender JavaScript, Ruby e iOS.

“Nós, do Codaround, acreditamos na era da internet. A revolução digital foi a coisa mais incrível que aconteceu na humanidade desde a revolução industrial. A internet pode ser uma ferramenta importante para as pessoas e para formar uma sociedade mais eficiente, e a programação passa por isso”, conclui Ruben Abergel.


Fonte: www.porvir.org


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