11/09/2014 - 19:01h
Os servidores da Unicamp, que estavam em greve há 112 dias, decidiram em assembleia na tarde desta quinta-feira (11) encerrar a paralisação, que era a maior da história da Universidade Estadual de Campinas (SP). Os funcionários aprovaram a proposta enviada nesta quarta pela reitoria, que ofereceu um abono de 28,6%. Os docentes, que têm um sindicato específico e já haviam interrompido a greve, também aprovaram a nova proposta.
A assembleia do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) teve início às 14h15 e reuniu aproximadamente 700 pessoas no Ciclo Básico da universidade. Após duas horas e meia de debates e discussões, a maioria optou por aceitar a oferta da reitoria. Com isso, a greve será suspensa a partir de segunda-feira (15).
De acordo com o diretor do STU Diego Machado de Assis, o debate na reunião foi polarizado entre aqueles que julgavam que o fim da greve impactaria negativamente no movimento unificado das Universidades paulistas e a ala que acreditava que a greve perdeu o fôlego e não havia mais abertura para novas conquistas. Estes últimos prevaleceram.
"É o fim da greve. Daqui para frente, vamos organizar um calendário para elaborar as nossas reivindicações específicas da Unicamp, mas agora em debate sem paralisação", afirmou Assis. Para ele, a greve se estendeu por tanto tempo por conta da dificuldade de negociar com os reitores. "O tamanho da greve é reflexo da intransigência dos reitores, de não abrirem negociação", falou.
Por meio de nota, a Unicamp defendeu o oposto, e afirmou que o resultado da assembleia é reflexo do "amplo diálogo com as entidades representativas dos servidores". A universidade afirmou ainda que a reitoria aguarda agora um comunicado oficial do STU sobre a retomada das atividades.
Docentes
A Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp) também aprovou durante assembleia no início da tarde a proposta de complemento do abono dos professores, que já haviam aceitado o percentual de 21% para retomar as atividades. A greve dos docentes foi suspensa em 1º de agosto e, nesta quarta-feira, a reitoria ofereceu um adicional de 7,6% para equiparar o abono deles ao oferecido para os demais servidores, que continuavam parados.
De acordo com a assesoria da Adunicamp, apesar de ter aceitado a proposta da reitoria da Unicamp, a entidade decidiu manter o estado de mobilização, o que significa que as lideranças acompanharão ativamente o andamento das negociações com as outras universidades e demais categorias com abertura permanente para novas assembleias, caso haja necessidade de votar o retorno à paralisação.
Conquistas
Os funcionários e docentes das três universidades estaduais de São Paulo entraram em greve após a decisão do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulista (Cruesp) de congelar os salários e só retomar a negociação de reajuste em setembro deste ano, quando, então, foi definido um aumento salarial de 5,2% aos servidores. O percentual de aumento oferecido, no entanto, será dividido em duas parcelas, uma em setembro e outra em dezembro.
Na quarta-feira, durante reunião do Cruesp, o percentual de ajuste foi ratificado e os reitores determinaram que a negociação de abono seria feita individualmente por cada uma das universidades com os respectivos sindicatos. Diante disso, a Unicamp apresentou a proposta de de 28,6%, além da isonomia de salários em relação às outras estaduais.
Faixas na entrada do Hospital de Clínicas (HC)
(Unicamp) (Foto: Reprodução EPTV)
Maior greve da história
A greve, que terminará na segunda-feira, é considerada a maior da história da universidade. A instituição precisou alterar o calendário e adiou, de 4 de agosto para 1º de setembro, o início do segundo semestre letivo para os alunos da graduação e da pós-graduação. Parte do corpo discente, no entanto, também está em greve e não retomou as atividades em alguns institutos.
Para a Unicamp, antes desta, a greve mais longa ocorrida foi em 1988 e teve duração de 68 dias. O STU, entretanto, considera que foram 84 dias de paralisação, entre dezembro daquele ano e 1989, em que a categoria, ao lado de Professores e do funcionalismo público, reivindicaram aumentos salarias e investimentos nas universidades.
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