24/02/2015 - 10:01h
J. Duran Machfee/Estadão Conteúdo
24.fev.2015 - Estudantes participam da semana de recepção aos calouros na Faculdade de Medicina da USP. Após as denúncias de abusos, foram distribuídos panfletos e manuais contra a violência dos trotes
A recepção dos calouros na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) começou nesta segunda-feira (23) diferente dos outros anos. Sem festa nem álcool, proibidos pela diretoria, a chegada dos novos alunos teve shows, food trucks e cartilhas antimachismo. É a primeira turma que ingressa no curso após os escândalos de abuso sexual entre estudantes que vieram à tona no ano passado.
Em seu show, a bateria da Atlética tirou do repertório músicas consideradas ofensivas e alvo de queixas em 2014. Os calouros elogiaram a postura dos veteranos. "Antes das aulas, eu tinha um pouco de receio. Mas o contato com os alunos mais velhos me tranquilizou", relatou Isabel Ramos, de 19 anos.
O coletivo feminista distribuiu cartilhas sobre respeito às mulheres, além de colar cartazes com mensagens como "mexeu com uma caloura, mexeu comigo". Nesta semana, também haverá debates, com temas como gênero. "A ideia é criar um bom ambiente de convivência", explicou o presidente da Atlética, Diego Pestana.
O diretor da escola, José Otávio Costa Auler Júnior, deu palestra sobre ética aos recém-chegados. "Qualquer coisa em que o aluno sinta que houve constrangimento, mesmo fora da faculdade, vamos averiguar, se ele relatar", destacou o diretor à Rádio Estadão.
Os alunos do curso de medicina da PUC -Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) são obrigados a passar por situações vexatórias em trotes, como coação, extorsão e humilhação, segundo denúncias feitas ontem em audiência pública na Câmara Municipal. A sessão durou 7 horas e ouviu dez pessoas - incluindo duas professoras, que relataram sob anonimato abusos até dentro das salas e humilhações como veteranos urinando em calouros. Houve denúncias de tráfico e prostituição.
Procurada, a PUC Campinas informou que "sobre os fatos expostos, a instituição já havia sido informada em 2014, quando desencadeou processos disciplinares internos". Informou também que "a prática de trote é proibida" e oferece um telefone para denúncias. Nova sessão da Câmara avaliará a situação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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