08/08/2015 - 11:01h
Por Colégio Ítaca
Há vários caminhos para se acessar conhecimento e se produzirem sensações, sentimentos, reflexões, experiências. Ainda bem! E feliz a escola (e os alunos e os pais e os Professores) que se projeta em horizontes mais largos e enxerga como possibilidades de aprendizado muito mais do que seus muros já permitem. As saídas a campo, especialmente sob a forma de viagens de estudo do meio, por exemplo, são uma oportunidade de convivência e ensino e aprendizagem que, certamente, marcam a memória e a formação pessoal, intelectual e política dos estudantes.
Essas saídas permitem que se transforme saber teórico em vivência e, daí, em novos conhecimentos que por sua vez vão se reencontrar com a teoria, frutificando em saberes novos, num moto-contínuo. Quando, aliado a isso, há prazer, cumplicidades, brincadeiras, exercício da vida em comunidade, solidariedade e uso de habilidades normalmente pouco exigidas em sala, entre outros, encontra-se aí um poderoso instrumento para a formação integral dos alunos. A vivência, além disso, permite que todos se relacionem mais profundamente e possam descobrir outras habilidades e talentos em si e nos amigos e professores. Sem contar que, se bem orientados, os estudantes podem perceber in loco as diversidades, as belezas, os contrastes, os problemas, as possibilidades de atuação, tanto no que se refere ao ambiente natural, como na vida dos homens, em comunidades e cidades.
Mas é preciso que se tenha clareza não só quanto aos objetivos (e à própria natureza) desse estudo, mas também quanto às etapas que podem/devem constituí-lo. Isso não é definitivamente um passeio ou excursão (como às vezes são chamados, equivocadamente. Passeios e excursões de vários matizes também têm seu sentido e valor, na escola, mas podem apresentar outro caráter). Estamos mesmo falando aqui de uma viagem de estudos e, como tal, ela deve ser criteriosamente preparada.
A partir da decisão do percurso, dos destinos e dos objetivos (sempre atrelados ao projeto pedagógico da escola e dos cursos envolvidos), pode-se iniciar a orientação de pesquisas, trabalhos e discussões pré-campo, já em um diálogo interdisciplinar (a riqueza de tais viagens realiza-se verdadeiramente quando algumas ciências unem-se para oferecer suportes teóricos, métodos de análise e olhares diferentes e complementares). Nesse processo, a aproximação dos viajantes com seus objetos de estudo já proporciona não só certo conhecimento, mas expectativas, hipóteses, desejos (e a união do grupo, em torno das diversões e do convívio intenso fora da escola).
Durante a viagem, as possibilidades são infinitas ou, pelo menos, amplas e generosíssimas. Bem amarradas ao projeto, as atividades serão ricas, atingindo intelecto e emoção, certamente. Inclusive permitindo-se a interação com comunidades locais, em parcerias para pequenos projetos, em que haja troca de ações e de culturas e conhecimentos.
No Ítaca, desde o EF até o EM, todas as turmas participam de uma proposta de estudo do meio, anualmente, e nessas viagens, a depender da série, visitam-se cavernas, manguezais, cidades históricas, quilombos, indústrias variadas, comunidades indígenas, unidades de proteção ambiental, museus, a mata, o oceano…
No pós-campo, trabalhos nas mais diversas linguagens, análises, propostas de intervenção podem fechar a proposta. Ah! E os registros… Registros de viagem (anotações em campo, fotos, vídeos, obras artísticas variadas, ensaios, artigos de opinião, um sem-fim de viabilidades) são um exercício essencial desse tipo de estudo. Na verdade, registros de viagem – quaisquer que sejam suas formas – permitem que retornemos aos lugares visitados sempre: ficam ali eternizados cenários, pessoas, encontros, encantos e questões. Ficam, também, informações, conhecimento, experiência.
Nossos registros, no Ítaca, têm esse propósito: resgatar os momentos, as impressões e o conhecimento que uma viagem de estudo de meio pode proporcionar. E, mais, têm também o objetivo de partilhar esses novos saberes, mostrando um mundo em acontecimento que se entrelaça com o nosso mundo, nosso cotidiano. Além de permitirem aos viajantes uma memória à disposição sempre.
Texto: Mercedes de Paula Ferreira (Direção Pedagógica EM) e Maurício Costa Carvalho (Prof. Geografia EM)
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