17/09/2014 - 10:05h
Um projeto para geração de energia solar e eólica, liderado por Embrapa, Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IF-Sul) avançou mais uma etapa na manhã desta terça-feira (16). Os paineis fotovoltaicos e os aerogeradores foram ligados à rede da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Este é o primeiro projeto dessa natureza conectado à rede da CEEE.
Localizados no Campus CAVG, do IF-Sul, e na Embrapa, os sistemas híbridos - que envolvem energia solar e eólica - podem produzir, na potência de pico, aproximadamente 280 quilowatts-hora por mês cada um. Isso é mais do que o consumo de uma residência média no Brasil, que gira em torno de 163 quilowatts-hora por mês.
Com a ligação do sistema à rede da CEEE, os pesquisadores pretendem analisar como o sistema se comporta e avaliar seu impacto. O projeto, de microgeração de energia elétrica para comunidades rurais, é destinado a pequenos agricultores e iniciou no final de 2013. As áreas contempladas no projeto, além do CAVG e da Embrapa, são o Quilombo Monjolo - em São Lourenço do Sul -, uma escola agrícola em Seberi, uma cooperativa em Santa Cruz do Sul e uma família de pequenos agricultores em Candiota. Cada local foi escolhido devido à suas particularidades. O próximo local a ser conectado à rede será São Lourenço do Sul. Nos próximos dias, o Monjolo será a primeira comunidade quilombola do Brasil com geração de energias renováveis.
O projeto vai ao encontro da Normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de 2012, que orienta micro e minigeração de fontes de energias renováveis. Nessa perspectiva, qualquer usuário pode instalar em sua residência e gerar a própria energia. O excedente produzido vai para a rede e a concessionária o devolve em forma de créditos.
Conforme o Professor de Engenharia Elétrica da UCPel, Eduardo Teixeira da Silva, o modelo é muito comum na Europa, em especial em países como Alemanha e Espanha. Agora, torna-se novidade no Estado. "Como os locais escolhidos têm características diversificadas, os resultados serão diferentes", adianta.
Perspectiva positiva
Na avaliação do docente, a geração de energias renováveis tem uma perspectiva positiva pela frente. Seja pela questão da sustentabilidade necessária ao país, seja pelo potencial brasileiro para a área, seja pelas mudanças ambientais que exigirão, a médio - ou mesmo curto - prazo readequações no modo em como as pessoas utilizam os recursos. "É algo que se acredita que vá se disseminar pelo país", aposta.
O professor resume as vantagens no termo "segurança energética". O usuário não fica totalmente dependente da rede - tem sua própria energia -, promove a sustentabilidade e pode investir em um sistema economicamente viável.
Em breve em um lugar perto de você
Além dos benefícios da energia "limpa", o sistema compensa também pelo lado financeiro. Apesar de necessitar de um investimento inicial de vulto - R$ 27 mil para um sistema fotovoltaico completo, que gera 250 quilowatts-hora -, num período entre cinco e oito anos o valor é recuperado. Ao mesmo tempo, como o sistema também "alimenta" a rede, proporciona retorno financeiro ao usuário.
Para o docente, é necessário que as pessoas se apropriem da ideia de que podem gerar sua própria energia. "Aumentando a demanda, as políticas públicas acompanham", projeta. O volume do investimento inicial para implantação do sistema requer apoio governamental, inclusive em termos de incentivo para crédito facilitado.
Hoje, o potencial energético brasileiro é um dos melhores do mundo. Segundo o professor, atualmente o país gera 127 gigawatts de energia e apenas o potencial gaúcho de energia eólica é de 132 gigawatts. "O Brasil é o país que mais tem desenvolvido fontes eólicas. A proposta é que a solar tenha o mesmo desempenho", disse, ao mencionar a expectativa de que o valor da energia solar no leilão previsto para outubro caia e se ela torne cada vez mais acessível.
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