07/02/2014 - 07:56h
Desde o fim do século 19 e meados do século 20, o papel do Docente nos processos de ensino e aprendizagem tem sido defendido por pensadores da área da Educação, como Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygotsky (1896-1934). Essas descobertas inspiraram bons sistemas de ensino de todo o mundo, que reconhecem o protagonismo do professor e, consequentemente, a importânciade capacitá-lo e valorizá-lo. Na Finlândia, que ostenta as melhores notas no Pisa, a formação de professores em Universidades de ponta é uma das prioridades. No livro Finnish Lessons: What Can the World Learn from Educational Change in Finland? (Ou Lições Finlandesas: O que o Mundo Pode aprender com a Mudança Educacional na Finlândia?, sem tradução para o português), Pasi Sahlberg, diretor de um centro de estudos vinculado ao Ministério Da Educação do país, diz que o magistério é a carreira mais popular entre os jovens finlandeses graças ao statusda profissão.
Já em Reggio Emilia, cidade do noroeste da Itália que é referência em Educação Infantil, o professor é valorizado como um pesquisador e intelectual, capaz de fazer aflorar todas as potencialidades dos pequenos. "Enfatizamos a boa formação inicial e a capacitação constante. Em nossas escolas, os professores estudam o tempo todo, pois acreditamos na articulação entre teoria e prática", explica Deanna Margini, da Reggio Children, entidade responsável por disseminar os pilares do ensino local pelo mundo.
Mais recentemente, outras áreas do conhecimento passaram a investigar o ensino e novos estudos jogaram luz sobre a importância do docente. Uma pesquisa realizada no estado americano do Tennessee mostrou que os conhecimentos do docente e sua atuação em sala de aula são decisivos para o desempenho da turma. Outro trabalho, realizado por cientistas das universidades americanas de Harvard e Columbia indicou que um bom professor tem influencia direta na vida de um jovem - e pode dar a ele, inclusive, retorno financeiro.
Segundo a pesquisa (The Long-Term Impacts of Teachers - Theacher Value-Added and Student Outcome in Adulthood (Columbia e Harvard/2012), que analisou a pontuação dos estudantes em exames gerais ao longo de 20 anos, quem teve um ótimo professor durante um ano ganha, ao longo da carreira, o equivalente a R$ 90 mil a mais se comparado a um que não tenha tido a mesma chance.
Eric Hanushek, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, um dos primeiros economistas a estudar o impacto da Educação, também fez uma conta semelhante. Ele calculou que um profissional que esteja entre os 25% melhores e que tenha uma turma de trinta alunos gera, a cada ano, um aumento na massa salarial de quase 500 000 dólares ao longo da vida deles (Valuing Teacher: How Much is a Good Teacher Worth?, Stanford/2011).
Mas será que pesquisas como essas, realizadas nos Estados Unidos, podem ser aplicadas à realidade brasileira? A resposta é sim. "Hoje, o impacto do professor é inquestionável, apesar de nossa situação ser muito distinta", explica Raquel Guimarães, que comparou a situação brasileira à norte-americana em sua tese de mestrado, defendida na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Segundo ela, nosso grande gargalo é a formação. Nesse contexto, o curso inicial deveria receber investimentos para exercer dupla função: servir para recrutar os melhores profissionais e garantir que eles adquiram conhecimentos relevantes para a prática.
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