19/09/2015 - 13:01h
De um lado, um especialista em reunir provas e construir inquéritos policiais. Do outro, um perito em somar tijolos para levantar casas. No encontro entre o delegado Érico Mangaravite e o pedreiro Joaquim Corsino, recém-formado em Direito, um sentimento prevaleceu: o de admiração mútua. Após a formatura, Joaquim contou que tem um novo sonho, o de ser delegado.
Para realizar o sonho, o pedreiro Joaquim Corsino dos Santos pedalava, diariamente, entre Cariacica, onde mora, até Vitória, onde fica a Faculdade de Direito em que ele estudou. A distância, cerca de 21 quilômetros entre um município e outro, não desanimou o estudante.
O pedreiro economizou dinheiro ao longo de décadas para realizar o sonho de cursar o ensino superior e atualmente, estuda para se tornar delegado. A formatura de Joaquim aconteceu na quinta-feira (17).
Novo sonho
Após conhecer a trajetória de Joaquim, Mangaravite postou um texto o homenageando nas redes sociais. Nesta sexta-feira (18), o delegado conduziu o futuro colega de profissão durante uma visita à Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, em Vitória.
No bate-papo sobre os desafios, pressões e recompensas do ofício, os olhos de Joaquim brilhavam – ainda que tímidos – e acompanhavam atentamente cada palavra do delegado. Já para Mangaravite, o companheiro, com toda a experiência adquirida em 63 anos de vida, tornou-se um exemplo de superação.
“Quando vemos uma pessoa tão esforçada, que valoriza nossa carreira, essa é uma forma que temos de nos sentirmos valorizados e de continuar sempre com mais disposição para concretizar nossos objetivos”, diz.
Conselhos
Se a persistência para alcançar as metas já é uma característica de Joaquim, para Mangaravite, o desejo de se tornar delegado só depende do foco nos estudos. Mas o delegado alerta que a complexidade da função exige estar preparado para tudo, desde ouvir as pessoas, até lidar com dores e perdas diversas.
“Existe uma série de direitos previstos na Constituição que a maioria das pessoas não alcança. Esses problemas deságuam na atividade policial. Quando as pessoas recorrem à polícia ou são presas, na grande maioria dos casos todos esses anteparos que deveriam ter evitado essas situações falharam”, revela.
Para Joaquim, que diz ter escolhido a profissão justamente para ajudar outras pessoas, o desafio de seguir a carreira tornou-se mais fascinante após a conversa. “Quero ser delegado ainda mais agora”, reforça.
E o dia de aprendizado não para por aí. Inspirado na história de Joaquim, que percorria 42 km de bicicleta todos os dias para chegar à faculdade, Mangaravite já anuncia: “Vou seguir o exemplo do Joaquim e comprar uma bicicleta”.
* Com informações de Maíra Mendonça, do jornal A Gazeta.
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