22/10/2014 - 10:01h
Junior Lago/UOL
Para conseguir passar na carreira mais concorrida da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), Felipe Corradini, 18, ouve áudios das disciplinas até no horário de almoço com o intuito de economizar o tempo ao máximo.
No ano passado, o estudante não conseguiu passar para a segunda fase do vestibular enquanto estava no último ano do ensino médio por apenas um ponto. Pior: porque marcou a alternativa errada no gabarito de uma questão de geografia. O curso de medicina da USP (universidade de São Paulo) no campus Pinheiros teve 58,57 candidatos por vaga, atrás apenas da mesma graduação na unidade de Ribeirão Preto (62,91) -- a seleção é feita pela Fuvest.
"Como a nota de corte no ano anterior tinha sido 73, pensei que não tinha conseguido. Mas caiu para 70 e fui conferir meu gabarito de novo. Quando peguei o papel, atrás escrevi que tinha anotado errado uma questão", conta. "Fiquei chateado na época."
Com o cursinho, a rotina de estudos de Felipe está muito mais puxada. Ele acompanha as aulas na região da avenida Paulista, em São Paulo, por seis horas na parte da manhã e, depois, estuda por conta própria mais outras cinco, grifando a teoria, fazendo resumos e exercícios.
"Se você não tirar suas próprias conclusões dos assuntos que teve em aula, não dá para fixar o conhecimento. Chegaria na prova e só tentaria lembrar o que o Professor disse", analisa. "Eu olho e falo: 'esse tipo de questão tem dois jeitos de resolver, o meu e do professor. Qual é o mais rápido?'"
O horário de almoço também foi incorporado no seu período de estudo. Para economizar tempo, ele prefere ir à sala onde ficam os plantonistas em vez de já ir almoçar assim que as aulas do cursinho acabam.
"Pulo o horário convencional de almoço, porque todo mundo sai daqui e vai almoçar e a cantina fica muito cheia. Demoraria mais tempo para o meu pedido ficar pronto e para eu almoçar, justamente porque eu iria ficar conversando com os meus amigos."
Assim, Felipe continua estudando das 12h50 (horário que termina a última aula) até as 14h, quando ele finalmente almoça. Nesse período, costuma ouvir podcasts, áudios de temas variados. "Pode ser sobre história, que é uma das matérias que tem mais detalhes. Desse jeito não perco tempo. Almoço pensando em uma coisa que vou estudar", conta.
Para Célio Tasinafo, coordenador pedagógico do cursinho Oficina do Estudante, a troca de horário de Felipe é interessante, mas é necessário controle. "Ele não precisa ficar estudando enquanto almoça, é um exagero porque ele já poupou tempo por não pegar filas", opina.
Felipe acredita que o controle emocional é essencial para quem está disputando uma carreira tão concorrida, mas concorda que há um estresse maior nesta reta final para os vestibulares.
No pouco tempo livre, tenta sair com os amigos que estudavam com ele no ensino médio. "Não tem como você ter uma base psicológica melhor do que os seus parentes e amigos mais próximos te apoiando."
Estar submetido a um ritmo alucinante de estudo pode causar sérios problemas para os vestibulandos. "O aluno que estuda demais pode chegar muito cansado no dia da prova ou ter estafa", diz Célio do Oficina. "Com a tensão tradicional de estar sendo avaliado, ele pode sofrer ainda os chamados brancos."
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