25/11/2013 - 06:25h
Após dez anos de atuação na área de finanças, Sérgio Gomes recebeu uma proposta para mudar de empresa - iria ganhar 40% a mais. Com uma carreira sólida e conhecida pelo mercado de trabalho, ele percebeu que trocar de Emprego não resolveria o seu principal problema: estava infeliz.
No processo seletivo para a nova vaga, ele foi surpreendido por uma pergunta: você gosta do que faz? Numa escala de zero a dez, ele respondeu 6,5 e teve que pensar qual seria a sua postura ao comandar uma equipe de pessoas que, ao contrário dele, eram apaixonadas pelo que faziam.
"Eu tinha excelentes perspectivas, mas estava muito infeliz. Trabalhava 12 horas por dia e tinha que me esforçar muito mais do que as outras pessoas, porque não gostava daquilo que eu fazia", afirma Gomes, que hoje é partner consulting da Havik, uma empresa de recrutamento e desenvolvimento de pessoas.
Depois de pedir demissão da sua antiga empresa, ele se tornou coach e agora desenvolve pessoas que querem alcançar objetivos na carreira ou que pretendem investir em novas possibilidades.
Identifique o motivo da sua infelicidade: "Quando você está insatisfeito com o seu emprego, os problemas costumam ser pontuais. Em geral, podem ser resolvidos com uma transferência para outro setor, troca de chefia ou mudança de empresa. Porém, quando a atividade principal vira o motivo da infelicidade, talvez seja a hora de reavaliar a carreira", explica o consultor Sérgio Gomes Shutterstock
Antes de virar consultor, Gomes percebeu que começar do zero em uma nova área exigiria planejamento e muita dedicação. Por isso, se você está pensando em jogar tudo para o alto, é preciso, em primeiro lugar, descobrir o motivo do seu descontentamento.
Isso porque, a infelicidade pode estar relacionada ao salário, à sua relação com o chefe e até aos valores da empresa em que trabalha. "Quando você está insatisfeito com o seu emprego, os problemas costumam ser pontuais. Em geral, podem ser resolvidos com uma transferência para outro setor, troca de chefia ou mudança de empresa. Porém, quando a atividade principal vira o motivo da infelicidade, talvez seja a hora de reavaliar a carreira", explica o consultor.
Descoberto o motivo da infelicidade, o próximo passo é dedicar um tempo a se conhecer melhor, identificar quais são os seus objetivos, os seus sonhos e as suas principais habilidades.
Sérgio Gomes virou coach após dez anos na área de finanças
"Hoje a opção da carreira acontece muito cedo, em geral aos 17 anos, falta maturidade e orientação vocacional para essa decisão. Há ainda uma cobrança social muito forte pelo bem estar e o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Então as pessoas também passaram a exigir e a questionar mais a carreira", afirma Ana Rosa Setti, psicóloga e consultora associada LFGhisi.
Em seguida, é importante buscar as profissões que se encaixam no seu sonho e pensar de que maneira seria possível transformar esse desejo em realidade. Os especialistas dizem que é preciso conversar com pessoas que demonstrem paixão na atividade, pesquisar o Mercado De Trabalho e descobrir quais são os principais pontos negativos do dia a dia da carreira.
A partir daí, o profissional deve estabelecer prazos para que a mudança aconteça. Segundo a consultora, o tempo deve levar em conta o período de capacitação exigido (estudar é uma etapa indispensável) e prazo necessário para poupar e atingir a reserva financeira necessária.
O profissional deve ainda levar em conta que migrar para outra carreira exige um período de adaptação. Por isso, é preciso estar preparado para uma possível queda da renda. "Nesse processo de ruptura, o profissional precisa estar disposto a olhar para si mesmo, identificar o seu sonho e planejar como chegar lá", afirma Setti.
Os próximos passos terão desafios que variam de acordo com o tamanho da mudança que o profissional está disposto a fazer.
Dez anos depois de deixar as contas de lado para se dedicar ao desenvolvimento de pessoas, Sérgio Gomes diz não se arrepender da decisão que tomou. "Demorei mais de três anos para voltar a ganhar o salário de antes, neguei várias propostas para voltar para a área de finanças, mas hoje sou muito mais feliz", afirma.
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