17/02/2016 - 01:01h
Base. Documento prevê o que alunos devem aprender e ficará pronto até o meio do ano
Após uma série de críticas, o Ministério da Educação (MEC) decidiu ampliar a parte de história mundial, sem deixar de incluir - ainda que em menor parcela - a parte africana e indígena na primeira revisão da Base Nacional Comum (na prática, o novo currículo das escolas). Outras áreas do conhecimento também sofrerão alterações.
A Base vai estabelecer os conhecimentos e habilidades essenciais que todos os estudantes devem aprender na educação básica. História foi uma das áreas mais criticadas, por ignorar alguns pontos de conhecimento geral, para inovar em história indígena e africana. Em construção desde o ano passado, o documento deve ser encaminhado até o meio do ano para o Conselho Nacional de Educação (CNE). Desde que abriu consulta popular pela internet, o governo recebeu mais de 10 milhões de contribuições no basenacionalcomum.mec.gov.br.
Essas colaborações foram consideradas pelo MEC ao divulgar nesta terça-feira, 16, diretrizes da revisão da primeira versão. Também foram considerados relatórios de um grupo de Professores e pesquisadores convidados para atuar como revisores técnicos. Alguns desses pareceres foram divulgados.
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Os encaminhamentos gerais de revisão são divididos por áreas. As indicações partem de uma lista resumida de demandas “principais” surgidas no processo de consulta. “Para os componentes de história e geografia, o processo de revisão tem se dado no sentido de mostrar as formas de integração entre o Brasil e processos históricos globais”, afirma, por exemplo, parte do texto do bloco de ciências humanas. Além disso, a revisão também deve ter uma melhor adequação de temporalidade no currículo, ponto criticado anteriormente.
Polêmica. Quando a primeira versão da Base veio a público, o então ministro Renato Janine Ribeiro impediu a divulgação da parte de história. Confirmando que haveria mudanças no texto, o atual chefe da pasta, Aloizio Mercadante, também disse que o texto apresentava falhas. O mesmo ocorria com o bloco de língua portuguesa - conforme publicado pelo Estado em outubro de 2015.
Em linguagens, a crítica maior era pela ausência de gramática. O documento de revisão fala, entre outros pontos, que serão introduzidos tópicos de análise linguística em todas as etapas de escolarização.
Na educação infantil, a revisão deve diferenciar melhor o trabalho realizado com bebês e com crianças entre 4 e 5 anos. Também se propõe a explicitar como essa etapa se articula ao ensino fundamental, sobretudo à leitura e escrita. A primeira versão continha 1,7 mil objetivos de aprendizagem. A consulta popular reuniu 120 mil contribuições de reformulação e outros 20 mil sugestões de novos objetivos. Um grupo coordenado pela Universidade de Brasília (UnB) trabalha ainda na organização das colaborações, que se estenderá até abril.
Com relação à estrutura geral da Base, o MEC definiu que precisa de “maior clareza” quanto aos princípios do documento, além de precisar esclarecer qual é sua natureza. Uma melhor articulação entre as etapas de escolarização e a importância de evidenciar progressão dos conhecimentos a cada ano e etapa também aparecem para a revisão.
Para Priscila Cruz, do Movimento Todos Pela Educação, o principal desafio será no conteúdo do ensino médio. “Ao mesmo tempo, estamos discutindo no Congresso a reformulação do ensino médio e os dois documentos são incompatíveis”, diz ela. “Mas sou otimista. O documento inicial não ia no sentido de uma ruptura, mas pelo menos agora colocaram de forma mais clara os princípios orientadores”, diz.
Conforme o MEC, uma segunda versão seguirá para debates nas Secretarias de Estado. Só a partir disso haverá uma terceira e uma última versão.
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