22/06/2014 - 09:28h
Candidatos foram ao MPF pedir mudança na prova
(Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro) suspendeu a prova prática do concurso para Professor de Língua Brasileira de Sinais (Libras). A avaliação estava marcada para esse domingo (22), a partir das 8h (horário local), em Porto Velho. A decisão foi tomada devido a uma recomendação feita pelo Ministério Público Federal (MPF), neste sábado (21), após um grupo de candidatos reivindicar que o exame seja feito exclusivamente em Libras.
Ainda não há uma data para a realização da prova. A avaliação prática para os outros cargos do concurso está mantida.
Os candidatos alegaram que o edital do certame permite a utilização também da Língua Portuguesa, o que poderia beneficiar alguns concorrentes em detrimento dos candidatos surdos.
"A Libras é própria para o cargo, porque os Professores irão ensinar a Língua de Sinais. Se outros candidatos podem falar e utilizar o Português, os surdos ficam prejudicados", relata a presidente da Associação dos Surdos de Porto Velho, Indira Stedile. Para ela, a obrigatoriedade de realizar a prova prática exclusivamente em Libras é uma questão de direito linguístico e de igualdade. "Se todos os candidatos usarem exclusivamente a Língua de Sinais, haverá respeito e isonomia", avalia.
Outro problema apontado pelos manifestantes se refere à composição da banca examinadora. Até a manhã deste sábado, não havia sido divulgado quem seriam os examinadores e o edital não obriga a presença de surdos ou especialistas em Libras na banca. "A Libras é totalmente visual e precisa ser avaliada por surdos, que conhecem e utilizam a língua", reclama Indira.
Presidente da Associação de Surdos pede
igualdade na prova (Foto: Ana Fabre/G1)
Quatro surdos concorrem às vagas de professor. Mas as reivindicações não partiram só desses candidatos. Marcos Grutzmacher, que não possui qualquer deficiência auditiva, disputa um dos cargos e se juntou ao grupo de manifestantes. "Se eu sou candidato a um concurso para professor de Libras, eu preciso saber a língua. Então não faz sentido eu ter receio de ser avaliado em Libras", ressalta.
Após receber os candidatos e tomar conhecimentos das reclamações, o procurador da República Júlio Noronha entrou em contato com a assessoria jurídica do Ifro e recomendou o adiamento da prova prática para que os problemas sejam sanados.
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