Ser Universitario
 

Estudante dos EUA cria algoritmo para 'encontrar Wally' mais rápido

19/02/2015 - 05:01h

Randal Olson com um dos livros da série 'Onde está Wally?' (Foto: Arquivo pessoal/Randal Olson)
Randal Olson com um dos livros da série 'Onde
está Wally?' (Foto: Arquivo pessoal/Randal Olson)

Um estudante da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, desenvolveu um algaritmo que permite aos fãs da série de livros "Onde está Wally?" encontrarem o protagonista de forma mais rápida. Isso se você não for Martin Handford, o autor das obras, claro. Randal Olson, estudante de ciência da computação de 28 anos, dedicou dois dias para desenvolver e testar o algoritmo em um hobby de tratamento de dados, e publicou a conclusão de sua pesquisa em um blog no início do mês que, em apenas cinco dias, recebeu mais de 300 mil visitas.

A série, da Editora Candlewick, mostra Wally, um simpático personagem vestido com camisa de manga comprida listrada de branco e vermelho e o seu famoso gorro das mesmas cores, em meio a dezenas e até centenas de coadjuvantes nas cenas mais diversas: um safari, uma praia, uma estação de esqui, entre outras. A primeira publicação saiu em 1987 e a série chegou a ter sete livros. O sucesso das obras fez com que ela inspirasse em pôsteres, jogos e outros produtos.

"Achei que a melhor maneira de homenagear um dos meus livros infantis favoritos seria analisá-lo em excesso e estragar tudo para todo mundo com um post no blog. Desculpem, fãs do Wally!", brincou Randal em Entrevista ao G1. "Pelo menos ainda tem a Wenda e o resto da turma", completou ele, mencionando os demais personagens inclusos na série.

Com a técnica, Randal diz que é possível localizar o personagem em poucos segundos, ao contrário de uma busca aleatória, que, dependendo da concentração, pode durar vários minutos.

O estudante disse que, há cerca de um ano e meio, costuma dedicar alguns fins de semana a projetos de manipulação de dados. Portanto, os cálculos feitos a partir dos livros são apenas um hobby " academicamente, ele pesquisa inteligência artificial. "É um passatempo divertido para pegar técnicas de estatísticas e aprendizado de máquinas e aplicá-las a problemas não convencionais", afirmou.

Dessa vez, porém, a brincadeira viralizou: além das centenas de milhares de visitas, o algoritmo do jovem apareceu em mais de 50 sites e a editora que publica a série nos Estados Unidos presenteou o estudante com todos os sete livros originais.

Veja abaixo como Randal chegou ao algoritmo, e aprenda o caminho mais rápido de encontrar Wally:

Problema do vendedor viajante
Para desenvolver seu algoritmo, o estudante disse que usou o contexto de estimativa de densidade kernel (ou EDK), um conceito de estatística que serve para estimar probabilidades em variáveis aleatórias. Ele diz que esse conceito é bastante usado no cotidiano. "Por exemplo, empresas de entregas que precisam mover os fretes estão constantemente resolvendo esse problema: elas querem mover o maior número de fretes possível enquanto minimizam a distância que seus caminhões percorrem (para economizar combustível, tempo etc)."

No caso da busca por Wally, o problema é como escanear as páginas duplas com os olhos até descobrir onde o autor escondeu o protagonista, mas gastando o menor tempo possível.

Por isso, Randal usou um gráfico feito por um colunista da revista americana Slate que reuniu os locais onde Wally está nas nas 68 cenas publicadas nos sete livros:

Esquema usado por Randal Olson mostra os 68 pontos onde Wally foi escondido na série 'Onde está Wally?' (Foto: Arquivo pessoal/Randal Olson)
Esquema usado por Randal Olson mostra os 68 pontos onde Wally foi escondido na série 'Onde está Wally?' (Foto: Arquivo pessoal/Randal Olson)

Estatística aplicada
A partir desse esquema, o estudante primeiro percebeu três tendências onde Wally nunca (ou quase nunca) aparece: no topo esquerdo, nas bordas das páginas e no canto direito inferior da página da direita. Segundo ele, esses três locais seriam os mais óbvios e por onde os leitores tenderiam a começar a caça pelo protagonista viajante.

Em seguida, Randal aplicou a EDK para ver em que partes das páginas havia uma maior densidade de aparições do personagem. Ele notou dois pontos onde Wally é visto com mais frequência: na metade inferior da página da esquerda e em uma posição mediana no lado esquerdo da página da direita.

Segundo ele, tentar calcular a probabilidade da localização, com base em todos os possíveis arranjos da ordenação desses 68 pontos, seria impossível, porque permite um número muito grande de possibilidades. 

Solução 'quase perfeita'
Testando alternativas para otimizar essa estimativa, o americano acabou chegando ao método do "algoritmo genético", que, segundo ele, é uma solução "quase perfeita". O algoritmo genético imita os processos de seleção natural e é usado em diversas áreas, como engenharia, economia e física.

No projeto de Randal para chegar ao jeito mais rápido de encontrar Wally, o algoritmo, que ele testou durante dois dias, descobriu o caminho mais curto a ser percorrido para cumprir a tarefa:

Algoritmo usado por Randal traça o caminho mais curto para encontrar Wally (Foto: Arquivo pessoal/Randal Olson)
Algoritmo usado por Randal traça o caminho mais curto para encontrar Wally
(Foto: Arquivo pessoal/Randal Olson)

São três os truques sugeridos pelo jovem: primeiro, comece pelo canto esquerdo inferior das páginas, seguindo para a direita até o meio delas. Em seguida, suba até a parte de cima das páginas, e continue seguindo para a direita. Se até aí Wally não tenha sido encontrado, aumentam as chances de que ele esteja na direção do canto inferior direito das páginas.

Randal avisa que a essa é a solução "otimizada" do problema e que ela funciona na maioria dos casos, mas não quando o protagonista está escondido em outras partes das páginas.



Fonte: G1


Compartilhe e exponha sua opinião...

Mais notícias
Veja todas as noticias