13/12/2014 - 04:01h
Dave Barker-Plummer, Professor da Universidade
Stanford, durante palestra em São Paulo
(Foto: Divulgação/Piero Ragazzi/Ensinart Editora)
O ensino da lógica " aquela sistematizada por Aristóteles, na Grécia Antiga, e reformulada por pensadores do século XIX e até os dias de hoje" não precisa ser um tema abordado apenas no nível universitário, segundo o professor Dave Barker-Plummer. Docente da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ele esteve em São Paulo nesta sexta-feira (12) para uma palestra sobre a importância do ensino e aprendizagem de lógica. Em Entrevista ao G1, o pesquisador afirmou que a razão para que o ensino da matéria seja confinado aos Cursos De Graduação das instituições de ensino é apenas histórica.
"O ensino de lógica é restrito por razões históricas. Eu não acho que há qualquer requisito conceitual necessário para que um estudante de ensino médio possa aprender", afirmou ele.
Para Barker-Plummer, os adolescentes de hoje, inclusive, podem estar mais preparados que os de gerações anteriores, justamente pelo contato maior que já tiveram com a tecnologia e a informática. "Acredito que, por causa da Era do Computador, os estudantes já têm sido mais expostos ao tipo de pensamento de que você precisa para entender um curso de lógica."
O professor, junto com outros dois pesquisadores, co-escreveu, em 2000, o pacote Linguagem, Prova e Lógica (LPL), que inclui material didático para cursos de lógica, além de um programa de computador com exercícios práticos. Desde então, um número seleto de escolas do ensino médio dos Estados Unidos já começaram a experimentar o método do curso na sala de aula com seus estudantes adolescentes, afirmou Barker-Plummer.
Em 2014, a segunda edição do material, que já estava disponível em japonês e alemão, foi traduzido para o português e lançado no Brasil.
Segundo o americano, antes do lançamento do livro, em 2000, ele já usava softwares para o ensino de lógica aos estudantes universitários, mas o material feito em parceria com os professors Jon Barwise e John Echemendy permitiu que boa parte do trabalho de resolução de pequenas dúvidas práticas dos alunos foi resolvida. "Agora os estudantes estão muito mais ativos quando usam o material do curso, eles se tornaram aprendizes ativos, então fazemos muito mais atividades conceituais. Nós, instrutores, não gastamos mais tanto tempo se preocupando em corrigir algum mal entendido."
Desde a Grécia Antiga
A lógica como área de pesquisa inspira teorias desde a Grécia Antiga, quando Aristóteles sistematizou questões que pautaram pesquisadores por séculos. A partir do século 19, pensadores como Gottlob Frege e Charles Peirce desenvolveram elementos que passaram a ser essenciais para a pesquisa da lógica.
O curso LPL traz, entre conceitos baseados na matemática, lições sobre ambiguidade, teoria dos conjuntos, prova condicional e semântica, entre outros.
Ele é indicado, segundo o professor de Stanford, tanto para estudantes de outras áreas do conhecimento que se matriculam na sua disciplina para ter seu primeiro e único contato com a lógica, quanto para alunos de matemática, física e filosofia que poderão se aprofundar mais nos conceitos.
Isso inclui parte da população de alunos que Barker-Plummer costuma receber em suas aulas: os estudantes de cursos da área de humanas. "É tipicamente uma mistura de pessoas. As que estudam matemática, filosofia e física, e os alunos de fora fazem o mesmo curso. Inclusive os que estudam linguística e querem aprender sobre como funciona a linguagem."
Segundo ele, alunos de humanidades podem aplicar a lógica na construção e desconstrução de argumentos. "Explicar como pensamos de forma lógica é uma parte importante do currículo da graduação", disse o professor.
Dave Barker-Plummer, professor da Universidade Stanford (Foto: Divulgação/Piero Ragazzi/Ensinart Editora)
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