09/09/2014 - 13:01h
Em países emergentes, taxa de escolarização
aumentou a um ritmo mais rápido do que nas
economias industrializadas
(Foto: Beawiharta/Reuters)
O acesso à educação tem melhorado nos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apesar da crise econômica, mas o desemprego aumenta entre os já formados e atinge mais duramente os jovens pouco instruídos, o que constitui uma ameaça à "coesão social", de acordo com um relatório da organização.
Quase 40% das pessoas com idades entre 25 e 34 anos possui ensino superior completo, contra 25% entre a faixa etária de 55 a 64 anos. Em muitos países, a diferença é de mais de 20 pontos, segundo o relatório Olhares sobre a educação 2014, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
A crise econômica de 2008 "não retardou o processo de expansão", e em países emergentes "a taxa de escolarização - que era relativamente baixa - aumentou a um ritmo mais rápido do que nas economias industrializadas", revela Angel Gurria, secretário-geral da OCDE, em um comunicado.
No entanto, o aumento do nível de escolaridade nem sempre é acompanhado pela diminuição do desemprego, que atinge muitas pessoas com nível superior, especialmente os jovens. E muitos governos "estão preocupados com o aumento do desemprego entre as pessoas mais instruídas".
Nos países da OCDE, a taxa de desemprego entre diplomados do ensino superior foi em média de 5% em 2012 (contra 3,3% em 2008), mas de 7,4% entre aqueles com idades entre 25 e 34 anos (contra 4,6% em 2008).
Em comparação, a taxa de desemprego para pessoas com idade entre 25 e 34 anos, cujo nível de escolaridade é inferior ao ensino médio, foi de 19,8% em 2012 (e os números são ainda mais elevados em muitos países).
Os números confirmam que são os jovens menos instruídos os que mais sofrem com a crise econômica.
Em termos de salários, as diferenças "continuam a aumentar" entre adultos altamente qualificados e aqueles que não o são. Além disso, em termos relativos, a renda dos adultos moderadamente instruídos se aproxima daqueles com baixa escolaridade, confirmando a tese da "erosão da classe média".
A OCDE conta com 34 países membros, em sua maioria desenvolvidos (Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Japão, entre outros) e os emergentes.
Desigualdade social
Além disso, um baixo nível de educação e competência também "influencia na queda de fatores sociais", incluindo "a percepção do estado de saúde, o voluntariado, a confiança interpessoal e eficácia política", ressalta a OCDE, que adverte contra os perigos da "deterioração da coesão social e do bem-estar".
A porcentagem de adultos que relataram boa saúde varia de 23 pontos de acordo com o nível de escolaridade. Esta diferença é particularmente grande na Polônia (38 pontos).
Quanto à confiança, a diferença é de 16 pontos, de acordo com o nível de escolaridade. As mulheres são mais confiantes do que os homens. A diferença é particularmente grande na Dinamarca (31 pontos).
Sobre a participação em atividades voluntárias, a diferença varia de 10 pontos em média, mas o recorde vai para os Estados Unidos (diferença de 26 pontos). Finalmente, sobre a eficácia política, a porcentagem de adultos que se considera "representado pelo governo" varia de 20 pontos em média. Esta diferença é alta na Noruega (33 pontos).
A educação e as competências são "dimensões cada vez mais importantes para a desigualdade social, mas também são parte da solução do problema", ressalta Gurria, que defende que o nível de formação irá resultar em "uma mobilidade social".
Comentando os resultados de um estudo realizado em 2012, Gurria observa que "os filhos de pais menos escolarizados foram cada vez mais excluídos dos benefícios da expansão da educação usufruída pela maioria da população".
"E mesmo quando estes indivíduos têm acesso à educação, o meio desfavorável em que vivem prejudica suas conquistas educacionais, o que os impede de subir na escada social", escreveu ele.
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