03/02/2015 - 10:01h
Filho de uma empregada doméstica e de um marceneiro, Abidan Henrique da Silva, 17, foi aprovado no curso de engenharia civil da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). Nesta última, ficou em terceiro lugar no campus de Ilha Solteira.
"O meio em que você vive influencia muito. Mas aprendi que eu posso ir além. Dei a cara a tapa", diz Silva.
O jovem de Embu das Artes, cidade na região metropolitana de São Paulo, fez todo o ensino fundamental em escola pública. Foi o único da sua turma de cem alunos a conseguir uma bolsa para frequentar um colégio privado em Cotia por meio do programa Ismart. "Foi um baque no começo porque muitas matérias eu não tinha visto direito", lembra.
Em dias de prova na escola, Abidan acordava às 3h da manhã para revisar. Saía de casa às 5h30 e demorava duas horas para chegar ao colégio. "Faltei muito na igreja para estudar domingo à noite", diz.
Sua persistência seria colocada à prova outras vezes. Reprovado em 2012 para uma bolsa em um curso de verão para estudar inglês na prestigiada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ele não desistiu. Voltou a estudar até obter a aprovação no terceiro ano do ensino médio em 2014.
"Foram as melhores semanas da minha vida. Foi sensacional o método que o pessoal usava. Conheci verdadeiramente a cultura das pessoas", conta o rapaz sobre a experiência profissional. Lá no curso em Cambrigde, costa leste dos EUA, ele ganhou um preparatório de redação.
No Brasil, voltou a se dedicar integralmente ao Vestibular. "A minha estratégia foi fazer provas antigas. Peguei provas da Fuvest desde 2003 e treinei redação até os últimos dias antes do exame. Li bastante questões de atualidades, já que sabia que o segundo dia da segunda fase requeria bastante repertório", conta.
Tamanha dedicação incentivou até os pais de Abdan a voltarem aos estudos. A mãe fez o Enem (Exame Nacional Do Ensino Médio) e conseguiu o certificado de conclusão do ensino básico. Agora ela vai tentar cursar pedagogia com a ajuda do Prouni (Programa Universidade Para Todos).
Já o pai do jovem se inscreveu no Sisu (Sistema De Seleção Unificada) e está concorrendo a uma vaga de engenharia elétrica. Juntos, os dois abriram uma empresa na área de construção e marcenaria.
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