11/08/2014 - 13:51h
São José dos Campos – Mantido integralmente pela FVE – Fundação Valeparaibana de Ensino, o Criadouro Conservacionista da Universidade do Vale do Paraíba está completando 15 anos de trabalho de resgate e recuperação de diversos animais silvestres em processo de mudança de categoria para Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (CRAS).
Neste período, podemos dizer que os números registrados pelo Criadouro são expressivos. Foram 19.300 animais recebidos no criadouro, cerca de 1.300 por ano, sendo que 14.080 puderam ser reintroduzidos na natureza depois de um longo trabalho realizado pelos profissionais do local.
Inaugurado em 1999 na categoria ‘Mantenedor de Fauna Silvestre’, segundo registro do IBAMA e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, o Criadouro é uma extensão do CEN - Centro de Estudos da Natureza da Faculdade de Educação e Artes.
Dentre os objetivos do Criadouro está favorecer segmentos de pesquisas, viabilizar a conservação das espécies e colaborar para a manutenção futura da diversidade biológica através da reintrodução em seus habitats naturais, além de disseminar práticas de educação ambiental.
Atualmente a equipe do criadouro é composta de cinco pessoas fixas, mais estagiários, que são responsáveis por todo trabalho realizado no criadouro, desde o recebimento do animal, avaliação, exames, testes, marcação e preparo para a soltura.
Segundo a Prof. Karla Andressa Ruiz Lopes, bióloga responsável pelo Criadouro, a maior parte dos animais que chegam ao Criadouro para recuperação são provenientes de apreensões, sendo as aves como araras, tucanos e papagaios e os macacos. “Dos animais que chegam ao criadouro, de 80 a 90% nós conseguimos reintroduzi-los na natureza, mas alguns infelizmente terão que viver o resto de suas vidas em cativeiro”, diz Karla.
Os animais destinados ao criadouro da Universidade são provenientes de apreensão de órgãos ambientais de fiscalização como Secretaria de Meio Ambiente, IBAMA, Polícia Ambiental, Polícia Federal, Polícia Civil e também entrega voluntária de munícipes. A destinação destes animais, dependendo de suas condições e da espécie em questão, pode ser de duas formas: soltura ou transferência.
As solturas são realizadas em diferentes áreas como nos fragmentos da Mata Atlântica na área da Universidade, nos municípios de Jacareí, Monteiro Lobato (áreas credenciadas junto ao IBAMA), no estado de Mato Grosso, Goiás e Bahia. Todos os animais antes da soltura recebem algum tipo de marcação (anilha, microchip, anel) para que possa ser monitorado.
Soltura de 22 animais está programada para dia 15 de agosto
No dia 15 de agosto, às 15 horas, com a participação da Polícia Ambiental, o Criadouro fará a soltura de 22 animais, sendo um cachorro do mato, 17 periquitão maracanã e 4 maitaca de Maximiliano. Os animais serão soltos dentro da área de preservação da Universidade.
O sucesso das solturas está diretamente relacionado aos treinamentos pré-soltura, pois muitos dos animais que chegam ao criadouro estão altamente ‘antropizados’ e caso sejam reintroduzidos podem chegar ao óbito por diversos motivos como: dificuldade na obtenção de alimento, incapacidade de locomoção rápida para fugir de possíveis predadores entre outras situações.
Segundo a Prof. e bióloga Karla, dentre os animais que chegam ao Criadouro predominam as aves, seguidos de répteis e mamíferos. “È importante que as pessoas compreendam que comprar animais silvestres é incentivar o tráfico de animais e que diferentemente do animal doméstico, como gatos, cachorros, galinhas, o animal silvestre não se acostuma com a presença humana e tem inclusive dificuldade de se desenvolver”, diz.
Para o 1º Tem PM Marcos Bonzanini, Comandante do 3º Pelotão de Policiamento Ambiental, o criadouro da Universidade “é um local de suma importância para receber os animais, pois sem este, os mesmos teriam que ser encaminhados para Municípios distantes, correndo o risco de entrarem em óbito no trajeto. Destacamos a cordialidade, atenção e profissionalismo dos profissionais que lá trabalham, que não medem esforços em atender a nossa demanda, recebendo as viaturas policiais em horários diversos e prestando o devido auxílio aos animais. São pessoas que convivem conosco nessa árdua tarefa da preservação e manutenção do meio ambiente, de modo a proporcionar às futuras gerações a continuidade das espécies", diz.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (Onu), o tráfico de animais silvestres é a terceira atividade ilícita mais lucrativa do planeta, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. A Renctas – Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, estima que o tráfico de animais silvestres movimenta mundialmente cerca de dez milhões de dólares ao ano.
Estima-se que o Brasil movimenta cerca de quinze por cento desse comércio por ser o primeiro na classificação mundial de espécies em números de primatas, borboletas e anfíbios, sendo muitas dessas espécies somente encontradas aqui. Ainda segundo relatório da Polícia Federal, mais de 38 milhões de animais são retirados ilegalmente de seu habitat no país todos os anos, sendo que cerca de 40% são exportados.
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