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Aluno de escola pública 'nota mil' no Enem recusa bolsa de escola privada

19/01/2015 - 07:01h

Kállek foi às aulas de recuperação, mesmo sem precisar, para ajudar os colegas (Foto: Kállek Chelius/Arquivo pessoal)
Kállek foi às aulas de recuperação, mesmo sem precisar, para ajudar os colegas (Foto: Kállek Chelius/Arquivo pessoal)

Kállek Chelius, estudante do Liceu Estadual de Maracanaú, no Ceará, obteve nota máxima na redação do Enem e recusou bolsa integral para turma de preparação para o ITA em escola particular de Fortaleza por não se identificar com a área. O jovem reconhece o valor da proposta, mas está decidido a cursar Direito, o que sempre sonhou. "Eu sei que é uma das melhores escolas do estado, e com alto nível de preparação, mas não é o meu lugar. Não tenho interesse por Ciências Exatas".

Em 2014, Kállek fez pela segunda vez o Enem e obteve 730 pontos na média geral. Para ele, as escolas públicas ainda investem menos que as unidades privadas no preparo para a prova. "Como o incentivo na escola pública é menor, acaba partindo muito do próprio aluno a busca por outras formas de conhecimento. Desde o ano passado eu venho lendo jornal" exemplifica.

Daniel Brisolara, Professor de Filosofia do Liceu Estadual de Maracanaú, destaca o interesse de Kállek pela área de Humanas e a afinidade pelo curso de Direito. "Ele é um aluno curioso, participa sempre de grupos de debates, argumenta bem. É um incentivo para os outros alunos a quererem superar, e também uma forma de valorizar a escola pública."

O aluno "nota mil" na redação do Enem pretende cursar Direito no Sul do país, para onde a família irá se mudar ainda este ano. Natural de Guarulhos, São Paulo, Kállek já morou também no Pará e em 2012 passou a morar em Fortaleza. Ele se diz um amante das letras e fala que, se não fosse o Direito, faria Jornalismo. "Tenho fascínio por palavras e línguas, gosto de estudar idiomas, eslovaco, alemão..."

A decisão pelo curso vem do seu interesse pela postura diplomática e da afinidade com as relações públicas, além das influências dos amigos. "Tenho colegas que cursam Direito na Federal [do Ceará, UFC], e eu também estudava algumas leis, o Código Penal, só não estudei mais porque não era o foco na escola, mas isso também contribuiu de alguma forma na minha redação" completa.

O professor Daniel conta também que Kállek se coloca à disposição dos colegas a fim de ajudar aqueles que têm mais dificuldade. "Ele veio para as aulas de recuperação, sem nem precisar", diz o professor. "Fui só porque era Filosofia", brinca Kállek.

Sobre a bolsa para a turma de preparação para o ITA, Kállek explicou à escola que, embora ele não possuísse interesse, poderia indicar amigos que se identificam com a área, para que a bolsa pudesse ser aproveitada por outro aluno, assim com ele, da escola pública.



Fonte: G1


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