15/08/2014 - 06:01h
A vice-presidente do Consed, Adriana Costa Aguiar, e a embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde (segunda e terceira da esq. para a dir.) recepcionaram o grupo de gestores americanos em Brasília
(Foto: Divulgação/Consed)
Um grupo de oito diretores de escolas e dirigentes de ensino dos Estados Unidos encerra nesta sexta-feira (15) um Intercâmbio de duas semanas com professores, diretores e estudantes de escolas de 12 estados brasileiros. Promovido desde 2004 como parte do Prêmio Gestão Escolar pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), em parceria com a Embaixada dos EUA no Brasil, o intercâmbio neste ano será encerrado com o I Seminário Internacional de Boas Práticas em Gestão Escolar, que começou em Brasília na quinta-feira (14) e termina nesta sexta.
Um dos membros do grupo, o Professor americano Marco Antonio Nava, supervisor de ensino do Distrito Escolar de Pasadena, na Califórnia, afirmou ao G1, durante sua passagem por São Paulo, que mudanças nas políticas educacionais tendo como foco o estudante incluem desde o currículo escolar até a disposição dos alunos na sala de aula. Ao trocar as fileiras de carteiras por mesas onde os estudantes possam trabalhar em grupo são formas de transformar a educação.
Outras mudanças dessa política são criar um ambiente seguro no qual os estudantes sentem que têm mais voz e incentivo para exercer a criatividade. "Estudos sobre o funcionamento do cérebro já mostraram que se os alunos se sentem em um ambiente inseguro, eles bloqueiam a informação e aprendem menos", explicou Nava. Por isso, as políticas educacionais que ele praticou na sala de aula, quando ocupava o cargo de professor, e depois nas funções de diretor escolar e supervisor de ensino seguem sempre a indicação de incluir os alunos nos processos de decisão.
"Preparamos os alunos para Empregos do século 21", disse ele na terça (12), após participar de um seminário de dois dias com outros quatro gestores escolares americanos e mais de 200 diretores de escolas paulistas e dirigentes regionais de ensino. Eles explicaram que baseiam seus projetos pedagógicos na política dos 4Cs: colaboração, pensamento crítico, criatividade e comunicação.
Nava foi o único membro do grupo a passar por São Paulo. Os oitos diretores foram divididos para conhecer práticas educacionais em Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rondônia, Roraima, São Paulo e Distrito Federal. O californiano passou a maior parte do seu tempo conhecendo professores, diretores e alunos de escolas do Estado de São Paulo.
"Visitei escolas de São Paulo, Araras, Pirassununga, Indaiatuba, foi uma ótima experiência de imersão", disse o supervisor de ensino, que já foi professor e diretor da Escola Rowan Avenue, na região leste de Los Angeles.
Segundo o californiano, boa parte das escolas que ele visitou já praticam ou estão começando a aderir a alguns princípios que norteiam as escolas mais existosas dos Estados Unidos.
"Muitos desafios que escolas de São Paulo enfrentam as escolas de Los Angeles enfrentam. Não é fácil, esses espaços são constantemente contestados. Mas quando você inclui os membros da comunidades, como pais, alunos e sindicatos, é muito mais fácil receber retorno de todos, porque a voz de todos está sendo ouvida", afirmou Nava ao grupo de diretores escolares convidados pela Secretaria de Estado da Educação, em São Paulo, para participar do evento na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores (Efap), na capital paulista.
A diretora escolar Maria Aparecida Sarraipo (esq.) e
a diretora regional de ensino de Taubaté Irani
Auxiliadora da Silva durante o seminário em SP
(Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
Oficinas de troca de experiências
Em São Paulo, Nava participou do evento ao lado de outros quatro americanos --dois deles, Pierre Orbe, de Nova York, e Mary Pat Cumming, de Minnesota, participaram do programa de intercâmbio do Consed em 2013, e decidiram retornar para aprofundar o relacionamento com as escolas brasileiras.
Para isso, eles desenvolveram cinco oficinas temáticas para trabalhar diretamente com os colegas de São Paulo. Os temas abordados foramos níveis de proficiência na alfabetização de crianças, a educação inclusiva para alunos especiais, treinamento e feedback dos professores, desenvolvimento de lideranças e uso dos meios de comunicação social na aprendizagem.
"Quando listamos nossos valores, eles são semelhantes", explicou Pierre. "Nós temos desafios diferentes, mas todos temos controle do efeito que temos nos nossos estudantes."
Mary Pat, que falou sobre a questão da educação inclusiva para alunos com necessidades especiais, disse que encontrou um grupo de diretores escolares com bastante pensamento positivo. "Tentamos desarmar as desculpas", disse ela, citando algumas, como a falta de verbas para implementar novas políticas. "Eles estavam muito abertos, e procuraram por oportunidades de colocar em prática o que falamos."
A professora Maria Aparecida Sarraipo é diretora de uma escola estadual em Taubaté e participou do seminário. Segundo ela, algumas boas práticas de gestão e didática mencionadas pelos americanos já são aplicadas em sua escola, como a questão da substituição das carteiras por mesas de trabalho colaborativo para os alunos entre 13 e 17 anos, tutorias para todos os alunos e clubes juvenis. "Tem muita coisa parecida, que podemos adaptar à nossa realidade. Podemos melhorar ainda mais a prática de lá", disse.
Da esq. para a dir.: os diretores de escolas americanos Pierre Orbe, Mary Pat Cumming, Daniel Naidicz, Miranda Hortenbach e Marco Antonio Nava, em seminário em São Paulo (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
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