28/01/2014 - 10:42h
Praticamente toda criança brasileira com idade entre 6 e 9 anos filha de pai ou mãe que usa internet está conectada, e mais da metade delas está no Facebook, segundo um estudo feito pela empresa de cibersegurança AVG.
A pesquisa, baseada em 5.423 Entrevistas on-line com pais de nove países além do Brasil, realizadas em dezembro último, será divulgada globalmente na quarta-feira --aFolha teve acesso exclusivo à íntegra dos dados. Seiscentos pais ou mães foram entrevistados no país.
Cerca de 49,1% dos brasileiros com 10 anos ou mais, ou 86 milhões de pessoas, usam a internet, diz o IBGE.
A proporção do uso infantil de internet por aqui, de 97%, é alta, mas destoa pouco da média dos outros países pesquisados, de 89%.
Já em relação à presença de crianças no Facebook (a rede estabelece idade mínima de 13), a taxa brasileira, de 54%, é mais que o triplo da dos demais (16%) e nove vezes superior à da Austrália.
"Vemos que os dados para o uso da tecnologia são mais altos no Brasil que em qualquer outra parte do mundo", diz Tony Anscombe, executivo de segurança da AVG.
Para ele, há a necessidade de educar pais sobre a necessidade de restringir o uso que a criança faz do PC e de dispositivos móveis, para evitar problemas de privacidade.
"A criança pode, querendo ou sem querer, entrar em um site e fazer uma compra", diz. "Imagine se meu filho acessa o aplicativo de e-mail, o do banco, publica uma foto errada --ele pode devastar minha vida profissional."
Segundo ele, esse tipo de situação é comum por causa do ato de ceder aparelhos a filhos a fim de entretê-los.
Anscombe está de passagem pelo Brasil para divulgar um livro digital da AVG sobre o tema, "Proteja Nossas Crianças e Jovens", (grátis, disponível em bit.ly/proteja).
Para a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, a privacidade das informações da criança é um dos principais problemas do uso irrestrito da internet.
"Funciona como na vida: o pai não deve deixar uma criança de 6 anos fazer certas coisas sozinha", diz. "Os pais devem acompanhar o uso da internet e impor limites, como permitir uma só foto no Facebook."
A internet, segundo Ruffo, não causa o problema, mas pode amplificá-lo, como no caso do bullying virtual.
"Quando a criança é provocada na escola, dá o horário e acabou. Já pela internet, aquilo invade a casa, e ela não sabe o que fazer."
Apesar de considerar que o contato com a tecnologia seja necessário para a educação e a vida profissional desde cedo, diz que acha "errado uma criança com menos de 10 anos ter seu próprio tablet, seu próprio celular. Ela não tem maturidade."
QUEREMOS MAIS
Segundo um estudo da Microsoft divulgado na sexta (24), 79% dos pais em países desenvolvidos acham que crianças deveriam ter mais acesso a ferramentas tecnológicas, e 58% deles creem que a tecnologia amplia a percepção do mundo delas --ante 34% em países ricos.
A pesquisa foi realizada com 10 mil entrevistas on-line, 1.000 delas no Brasil.
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