Por DÉBORAH OLIVEIRA, DA COMPUTERWORLD
Empresas de TI e Telecom que proporcionam um bom ambiente de trabalho, benefícios atraentes, investem na educação do funcionário, oferecem oportunidades internas, entre outros atrativos, têm sido objeto de cobiça no mercado. Mas o que é preciso para conquistar uma vaga num desses oásis profissionais?
Na opinião de Maria Paula Menezes, gerente da divisão de TI da empresa de recrutamento Robert Half, não há uma receita de bolo, visto que hoje cada qual busca perfis alinhados às suas estratégias de negócios.
Ela afirma que, do lado comportamental, ser comunicativo e ter atitude são posicionamentos esperados e do lado técnico, falar inglês é vital.
“Especializações também contam, mas existem organizações que buscam perfis mais generalistas e que consigam levar essa visão para desenhar novas ações”, diz Maria Paula.
Segundo Daniella Correa, consultora de RH da Catho Online, é comum que as organizações avaliem o candidato por sua bagagem técnica e competências comportamentais. “Até porque, a aptidão em lidar com as emoções influenciará diretamente nas ações das pessoas no dia a dia”, pontua.
Pesquisa da Catho intitulada A Contratação, a Demissão e a Carreira dos Executivos Brasileiros reforça os pontos citados por Daniella. O levantamento mostra que a experiência técnica em relação ao cargo, formação acadêmica e entusiasmo do candidato são, nessa ordem, os fatores que mais influenciam na contratação.
Experiência na Chemtech está em segundo plano, de acordo com Daniella Gallo, gerente-geral de RH da companhia. “Levamos em conta sempre o comportamento, tem de gostar do que faz, ter comprometimento, gostar de desafios e ser flexível”, diz.
Investir na formação também é uma prática constante na empresa. Isso porque 80% dos 1,3 mil funcionários têm até 35 anos, e, portanto, muitos ingressaram com pouca bagagem. O presidente é um exemplo. Daniel Moczydlower, hoje com 34 anos, entrou como estagiário há 13 anos e, após a saída do sócio-diretor, que se aposentou no ano passado, assumiu o comando da companhia. Os executivos mais experientes são todos “crias da casa”, brinca Daniella. Os gerentes não são contratados, e, sim, identificados internamente.
Os jovens são localizados em universidades de todo o Brasil, em parceria com a Trilha do Sucesso, consultoria de treinamento. “Até fevereiro de 2011, 20 universidades no País participaram, 1,8 mil alunos foram treinados e 500 deles contratados”, diz Daniella.
O SAS Instiutute estimula seus funcionários a indicar candidatos às vagas. A empresa até mesmo bonifica as indicações. E a preferência é sempre pelo profissional que mais se alinha ao contexto da companhia e não pelo que apresenta o melhor currículo, diz Ednalva Costa Vasconcelos, diretora de Finanças e Recursos Humanos do SAS.
“Mas o que conta bastante é a atitude. Tem de ser correta e é importante passar isso nas entrevistas. Competência é mais fácil de adquirir, atitude não”, alerta Ednalva.
Na Elumini, cinco características são demandadas: liderança, foco nos clientes, trabalho em equipe, autodesenvolvimento e empreendedorismo. “Além, claro, do bom humor”, diz Mariela Fontenelle, diretora de RH da empresa.
Em 2010, 24 pessoas foram contratadas. “Damos preferência a quem apresenta grande potencial para o perfil e não necessariamente quem é expert”, explica.
Colaboração é uma das premissas da Vivo e é esse o perfil que a companhia busca no profissional. “Além disso, é preciso ter capacidade de inovação e entender o cliente, coração da nossa operação”, afirma Sandra, diretora de RH da companhia.
A Cisco também acena com a bandeira da colaboração e para identificar um perfil alinhado ao da empresa se baseia em mais quatro pilares que compõem o C-Lead (Colaborate, Learn, Execute, Accelerate e Disrupt).
Esses pontos são identificados por meio de entrevistas. Rose Mary Morano, diretora de RH da Cisco Brasil, por exemplo, participou de 12 antes de ser contratada. “Entendemos que recrutamento e seleção são fundamentais para o sucesso da empresa e quando se vive a cultura todos os dias fica mais fácil de identificar os perfis”, diz.
Na GVT, a busca é por flexibilidade, habilidade para trabalhar em grupo e interesse por inovação. Alessandra Bomura, CIO da GVT, conta que como a companhia cresce 42% ao ano, a agilidade é outra característica exigida.
“Hoje, a GVT tem 50 posições em aberto e não encontra executivos alinhados às necessidades”, diz. Para driblar esse quadro, investe na formação da base. No último semestre, foram absorvidos 43 estagiários e o número deverá crescer.
Já na PromonLogicalis, comprometimento e excelência, além de inovação, são premissas básicas. “É importante ter habilidades alinhadas às nossas crenças e valores. Manter o relacionamento baseado em respeito, cooperação e confiança é mandatório”, explica Tânia Casa, diretora de RH da organização.
Ela diz que no último semestre 150 pessoas foram contratadas com base nesses pontos e muitos candidatos localizados por meio do Twitter e LinkedIn. Tânia aponta ainda que cerca de 60% das seleções são feitas via networking.
No quesito técnico, prossegue, o foco são especialistas em novas tecnologias. “Temos um mix de profissionais: os mais experientes focados e os mais novos, que passam por um desenvolvimento.”
Da base ao topo da pirâmide
Jairo Okret, sócio-diretor sênior para a prática de TI da Korn/Ferry, provedora de soluções para a gestão de talentos, aponta que o colaborador que fala com propriedade sobre tendências tecnológicas, como redes sociais e cloud computing, tem sido muito demandado. Leonardo Dias, gerente de Processos da Catho Online, diz que em programação as linguagens mais exigidas são PHP, .Net, Java e Delphi. “Em todos os cargos, o que é mais requisitado é o conhecimento em SQL”, completa.
Ainda na base da pirâmide, profissionais de Telecom precisam ter perfil técnico forte. “Devem ter conhecimento em instalação e manutenção de PABX e URA, cabeamento, manutenção de linhas telefônicas, GSM e UMTS, VoIP, fibra óptica, redes sem fio etc”, diz.
Dias afirma que algumas organizações buscam especialização em Information Technology Infrastructure Library (ITIL) e Control Objectives for Information and related Technology (COBIT). Isso porque, em sua avaliação, cada vez mais, há um direcionamento para incluir melhores práticas nos negócios.
Já no topo, os profissionais devem ser orientados a resultados. “Também são importantes liderança, inovação, motivação, comunicação e conhecimento em estruturas, processos e estratégia. Além de saber ouvir mais do que falar. A busca é por um profissional adequado à vaga. Receber uma resposta negativa não significa, necessariamente, falta de competência”, alerta Maria Paula. “Muitas vezes, um está mais preparado do que outro naquele momento e atendeu mais plenamente aos requisitos”, finaliza Daniella, da Catho.