16/09/2013 - 09:49h
No mês de setembro é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos (dia 27), e os profissionais do Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano (HCTCO) estão engajados em consolidar na unidade a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), com o intuito de promover a sensibilização para a doação. Pela primeira vez, em julho deste ano, o hospital realizou com sucesso procedimentos de captação de órgãos para transplante com um paciente que teve morte encefálica diagnosticada.
O doador, rapaz do interior que a pedido da família não terá seu nome divulgado, ficou internado durante oito dias no HCTCO após sofrer um acidente de moto. No dia 21 de julho, em visita ao paciente, familiares procuraram o doutor Ivan Barboza Abreu, médico plantonista do Centro de Terapia Intensiva (CTI), solicitando esclarecimentos sobre o caso. O médico explicou o critério clínico de morte encefálica e avisou que aguardava uma reavaliação para divulgar o diagnóstico. Eles questionaram a possibilidade da doação dos órgãos e foram orientados a aguardar a confirmação do diagnóstico para iniciar o processo junto à equipe do Programa Estadual de Transplantes (PET). Com a morte confirmada e a família decidida sobre a doação, imediatamente o hospital comunicou ao PET, que enviou equipe para abordar a família e executar a rotina de controle do programa para a realização de transplante, o que implica em exames para confirmar o diagnóstico e definir que órgãos poderão ser aproveitados. Para isso, o HCTCO manteve o paciente no leito com os aparelhos ligados para manter o coração batendo.
O doutor Robson Correa Santos, especialista em Terapia Intensiva e chefe do CTI do HCTCO, já acompanha diversos casos de transplante em outro hospital em que trabalha, em Saracuruna, que segundo ele hoje é referência na área. Ele explicou que o trâmite para casos desse tipo exige ligeireza e equipes bem preparadas, já que os órgãos são transportados de uma cidade para outra. No caso do paciente do HCTCO, “por questão de transporte não houve possibilidade de aproveitamento do coração, no entanto órgãos como rins, fígado, córneas, pulmão, osso, pele, entre outros, deverão beneficiar vários receptores”, afirmou o médico. Ele contou que o paciente era extremamente viável para o transplante, o que motivou a equipe a se mobilizar para os primeiros procedimentos para a doação. “Agora é necessário termos o respaldo do estado, mantendo um grupo mobilizado para atuar nestes casos”, observa, lembrando que na região há uma malha viária de grande movimento e com isso o hospital recebe muitas vítimas de acidentes que, eventualmente, podem ser tornar doadoras.
A enfermeira Luana Araújo, que trabalha há dez anos no hospital, ficou emocionada com o gesto de solidariedade da família e a disponibilidade do HCTCO. “Vejo como um grande avanço para o hospital, e para o familiar é sinal de desprendimento essa decisão”, apontou. De acordo com ela, que manteve contato irmãos da vítima, a família relatou ter um outro parente que aguarda por transplante e este teria sido um dos motivos que os levaram à decisão: pensar no quanto um gesto como esse poderia trazer a vida a outras famílias.