28/04/2015 - 16:59h
Compreender as relações entre educador e educando num ambiente tão complexo como a escola, transformou-se em tópico desafiador para estudiosos da área. As discussões recaem sobre os diversos tipos de problemas vivenciados pelas famílias e sociedade que são refletidos na escola e consequentemente nas relações entre professor e aluno, que experimentam diversas formas de violência seja psíquica, social e moral,alcançando até mesmo a agressão física.
Torna-se evidente a necessidade de compreender essas relações permeadas de diversas percepções, sentimentos e emoções num ambiente muitas vezes hostil. O objetivo deste artigo é analisar as representações da afetividade na relação entre educadores e educandos e como esses fatores possibilitam o desenvolvimento cognitivo de ambos.
Henri Wallon (1879-1962) apresenta a teoria psicogenética para explicar a sua visão sobre a afetividade no processo de desenvolvimento cognitivo do ser humano. Para ele a afetividade é expressa por meio das emoções, dos sentimentos e das paixões. A emoção, segundo o estudioso, é a primeira expressão da afetividade, ela tem uma reação imediata, não é controlada pela razão. Já o sentimento, por sua vez, tem um caráter mais cognitivo e racional. Neste contexto a afetividade abrange emoções, sentimentos e paixões que são elementos essenciais ao processo ensino-aprendizagem num cenário escolar em que se apresenta uma diversidade de valores, conceitos e ideologias.
Deste modo, o ser humano ao reagir a determinadas situações de afeto ou quaisquer outras situações que passar, dependerá muito do ambiente em que estiver envolvido. Por isso o grau de afetividade entre o educador e o educando será dependente de estímulos recebidos neste ambiente. A interação afetiva pelo modo como o professor transmite o conhecimento, mediando os conceitos e dialogando com os alunos na sala de aula mostra-se essencial nesta relação, no sentido de desenvolver as potencialidades latentes.
Johann Heinrich Pestalozzi criou um método que se baseava na educação integral – educação da cabeça, das mãos e do coração, a criança aprendia através da observação e depois praticava o que via, exercia o diálogo e a autonomia. Uma das mais importantes práticas pedagógicas de Pestalozzi foi afirmar que a base da educação está na afetividade.
Demonstrou que a partir do elo afetivo que se cria entre o educador e o educando consegue-se desenvolver um processo pedagógico eficaz capaz de amadurecer os comportamentos do professor e do aluno.
Estabelecer uma relação de afetividade positiva entre educador e educando é um aspecto importante que deve estar presente no contexto escolar. Pestalozzi investiu no sentimento de amor verdadeiro, no relacionamento interpessoal saudável e conseguiu articular tanto os aspectos cognitivos como afetivos. Utilizou um método de aprendizagem impregnado de sentimentos nobres que pode e deve ser aplicado pelos profissionais da educação. Portanto, a missão do educador é manifestar o seu interesse sincero e afetivo pelo educando incentivando o crescimento e a evolução moral tão importante para sua formação como cidadão.
Margareth Braz Ramos é professora do curso de Pedagogia na modalidade a distância da Anhanguera de Niterói, formada em Pedagogia pela UERJ e Especialista em Psicopedagogia pela UFRJ.