25/11/2012 - 14:01h
Muitos alunos se atrasaram por causa do trânsito no Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho/Terra
O domingo de chuva complicou a vida de muitos alunos que foram obrigados a fazer a prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), no Rio de Janeiro. Na cidade, 51.580 estudantes que estão concluindo a graduação foram escalados para os testes. Na sede da Pontifícia Universidade Católica (PUC), na Gávea, zona sul da cidade, o trânsito com retenções em vias de acesso à universidade e a chuva fizeram com que muita gente atrasasse e acabasse barrada, não podendo realizar as provas. Outros chegaram na hora exata do fechamento de portões, às 13h, e entraram por questão de segundos, depois de muito corre-corre.
Em meio ao tumulto, alguns estudantes conseguiram burlar a segurança do local e acabaram acessando o interior da instituição utilizando uma entrada alternativa. Barrada, a estudante de Comunicação Social, Priscila Fischer, moradora de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, estava revoltada. "Isso é um absurdo! Está chovendo e o trânsito está todo parado. Eu tenho filho pequeno, que tive que deixar com outra pessoa para poder vir. Tudo tem tolerância, gente, eu cheguei dez minutos depois só."
Ela e um grupo de alunos na mesma situação pareciam não acreditar no que acontecia e já se perguntavam como fariam para recorrer e obter o diploma. O receio é ficar sem o comprovante de graduação, já que o Enade é obrigatório. Depois de tentar até o último instante ter acesso à sala de prova por uma entrada alternativa ao portão principal, a também estudante de Comunicação Cíntia Ramos era só lamento: "Está tudo engarrafado na cidade por causa da chuva. Moro na Ilha do Governador, me colocaram para fazer prova longe demais", reclamava.
Já o estudante J., que cursa Direito na Estácio de Sá, disse que sequer sabia da realização das provas neste domingo e que foi informado uma hora antes. Pedindo para não ser identificado, o aluno alegou que não recebera qualquer comunicado sobre o exame. O motivo do atraso, que o levou a ser barrado na entrada, o mesmo de muitos: trânsito parado nas vias de acesso à PUC.
Não bastassem os transtornos com o horário, muitos graduandos se confundiram com as regras do edital e se esqueceram de levar caneta preta para os locais de prova. Vários deles chegaram a poucos segundos do fechamento do portão ainda atrás de canetas para comprar. Quem se deu bem foi o ambulante que viu seu estoque de 250 unidades esgotar em pouco tempo. A demanda fez o valor do produto disparar passando dos R$ 2 iniciais para R$ 3.
Chegando com poucos minutos para o prazo inicial das provas, o estudante de Comunicação Jocelino Pessoa, 24 anos, dizia estar tranquilo e preparado. "São os 4 anos de faculdade que importam. Não adianta estudar na véspera." Já a estudante de Direito da PUC, Priscila Ribeiro, 22, estava inconformada com a aplicação do exame. "Sou totalmente contra (o Enade), porque isso não avalia nada. Muita gente vai entrar e fazer a prova sem levar isso aqui a sério. Acho que não serve para avaliar em nada a faculdade."
Prova-relâmpago
Enquanto alguns alunos ainda se indignavam na porta da universidade por não terem entrado, outras pessoas iam saindo depois de 15 ou 20 minutos de prova. Foi o caso de um estudante de Design que foi um dos primeiros a deixar o prédio: "Estava fácil demais. Era múltipla escolha e só algumas dissertativas", afirmou, concordando em se identificar apenas como Felipe. O aluno negou que tivesse apenas assinado o nome e respondido apressadamente, mas não escondia a irritação de ser obrigado a fazer uma prova em pleno domingo. Já o estudante de Comunicação Vinícius Reis, que também saiu da sala de provas em tempo recorde, protestava: "Não existe incentivo para o aluno fazer o Enade, como um bônus de nota, ou uma atividade complementar constando no currículo . Por que somos obrigados a fazer o Enade? Não concordo. Assinei meu nome, preenchi o gabarito (das provas fechadas) e escrevi o mínimo na dissertativa", conta.
Neste domingo, em todo o Brasil, 587,3 mil alunos de 1,8 mil instituições de ensino superior, passam pela avaliação do Enade. A prova é obrigatória para a liberação do diploma universitário, já que o exame é um componente curricular da graduação. O Ministério da Educação utiliza o teste para ajudar a avaliar a qualidade de cursos e instituições de ensino públicas e particulares do Brasil.
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